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Eleição passada e futura

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Passada a maior parte da eleição municipal, insisto na importância dela, já que no fim do mês ainda haverá importantes segundos-turnos. Quando nós, eleitores, escolhemos o presidente da República e nossos representantes no Congresso, dizemos que "eles estão lá"(em Brasília). Quando elegemos o governador e nosso representante na Assembléia, dizemos, na maioria das vezes, que "eles estão ali"(na capital). Mas quando escolhemos o prefeito e o vereador, sempre dizemos que "eles estão aqui", na nossa cidade ou no nosso município. Os de Brasília estão distantes; os dos palácios da capital menos distantes. Mas os que estão na prefeitura e na Câmara de Vereadores estão próximos a nós. Por isso, a eleição deles é a que nos dá mais intimidade com nossos mandatários.

Por isso fica difícil de entender por que tanta gente deixou de votar. Em Salvador, um em cada cinco soteropolitanos não foi à urna. Na maior metrópole do país, a mais rica e poderosa, 28 em cada 100 paulistanos deixaram que os outros 72 decidissem por eles, no primeiro turno. Em Curitiba, Aracaju e Maceió, só 9 em 100 eleitores faltaram à obrigação do voto – uma ausência razoável, considerando que as pessoas têm doenças, impedimentos físicos, compromissos inadiáveis. 

Um jovem estagiário que senta a meu lado na redação da Globo, contou-me sexta-feira, orgulhoso, que iria a Belo Horizonte votar. "O meu voto pede fazer falta para quem eu quero eleger. E não vou deixar que outro eleja o candidato que não quero." Na segunda-feira já havia voltado ao trabalho, com sentimento de dever cumprido e me ensinando que abstenções também elegem. No Bom Dia Brasil daquele dia, eu ouvira uma senhora idosa justificar por que comparecia à urna quando já não estava obrigada por lei: "Por falta do meu voto, o meu candidato pode perder." Ela tem toda razão, do alto da sabedoria que só os anos conferem: o voto da vitória é aquele que supera os do adversário. Todos os demais são sobra. O seu voto pode ser o do desempate com vitória.

Numa fala memorável, em cadeia nacional, a presidente da Justiça Eleitoral, ministra Carmen Lúcia, lembrou que o amanhã se planta no dia da eleição, e que os brasileiros decidem o voto com liberdade. "E quem é livre, é responsável". Eu acrescentaria, aproveitando a clássica fala da raposinha ao Pequeno Príncipe: "Você é eternamente responsável por aquele que você elege." E eleição passada que tenha dado poder a fichas-sujas é a que suja o futuro.

 

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