Está fazendo um ano que recebi do Banco Santander o boletim destinado aos clientes que previa, no caso de reeleição de Dilma, que “o câmbio voltaria a se desvalorizar, os juros longos retomariam a alta e o índice Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes. Esse último cenário estaria mais de acordo com a deterioração de nossos fundamentos macroeconômicos.” A economista que acertou a previsão, no entanto foi demitida por acertar e prevenir os clientes select do banco. Dilma se irritou: “É inadmissível uma instituição financeira interferir na atividade eleitoral.” O banco pediu desculpas e defenestrou Sinara Polycarpo Figueiredo, sua superintendente de investimentos. E a eleição de Dilma interferiu em todas as atividades econômicas do país, inclusive dos assalariados. O dólar e os juros estão em alta, a bolsa em baixa e os fundamentos macroeconômicos deteriorados.
Agora a presidente tenta desviar as atenções, fazendo reuniões com ministros e governadores, como nesta semana. Aparece em foto com o neto, anunciando que a filha está grávida, o que funciona com a família real britânica. Com menos de 8% de aprovação, procura mostrar que ainda tem a seu lado seus auxiliares e os governadores – que, aliás, não são subordinados a ela, mas ao povo de seus estados. Tampouco está bem com o Congresso. O presidente da Câmara já rompeu com o governo; o do Senado também está distante. Aliás, nenhum congressista deve subordinação a outra pessoa que não seja seu eleitor. Ela própria se enredou no nó que vem armando há mais de quatro anos e agora não sabe como sair. Aliás, o que mais faz é se enredar em seus próprios atos e palavras. Na recente reunião com ministros não petistas, afirmou que a Lava-Jato derrubou o PIB em um ponto percentual, sem explicar o cálculo. Poderia, em lugar disso, agradecer à Lava-Jato por combater a corrupção que corrói o Brasil e seu PIB moral.
Como teme vaias nas viagens pelo país, está viajando mais para o exterior, supostamente para fazer política externa. Uma política presa ao Mercosul, aos bolivarianos, aos Brics. Política externa principalmente presa à ideologia e não solta no pragmatismo. Na economia, foi incapaz de diminuir o número de ministérios e de cargos comissionados. Os juros e a inflação subiram e a atividade econômica continua em queda livre. Mas a divida pública continua em alta. Só no primeiro governo Dilma, subiu 1 trilhão e 240 bilhões. A Nação paga mas o governo não reduz o suficiente suas próprias contas. É como se alguém ganhando mil reais por mês precisasse economizar 50 reais para pagar juros de suas dívidas, mas só consegue guardar 5 reais.
No princípio, era o desajuste. E o desajuste fiscal habitou entre nós e nele semeou o desgoverno. Para tentar se proteger, refugiou-se na bicicleta, na redução do peso corporal, na alienação da realidade e na entrega da coordenação política ao seu vice – bem melhor que os chefes do Gabinete Civil que, aliás, a sucederam no cargo: Erenice Guerra, Antonio Palocci, Gleisi Hoffmann, Aloízio Mercadante. Deve ter ficado caveira de burro enterrada por lá, depois que saiu José Dirceu. Já tivemos o binômio Energia e Transportes de Juscelino; Segurança e Desenvolvimento, nos governos militares. Agora temos o binômio Desajuste e Desgoverno.