A Presidente faz tudo para evitar o inevitável. Entre 513 deputados era mais possível conter a avalanche. Agora, entre 81 senadores já influenciados pelo resultado acachapante de 72% contra 28%, vai ser impossível segurar. Deputados e senadores, no fundo, não votam apenas contra as pedaladas fiscais de 58 bilhões em 2015, nem apenas contra decretos que abriram créditos sem autorização do Congresso. Votam contra a dilapidação da Petrobras, contra o BNDES financiando ditaduras, contra 10 milhões de empregos fechados, contra a asfixia da indústria e do comércio, contra a desvalorizaçãos dos salários, os juros, o endividamento e os mais de 100 mil cargos no governo a que estão agarrados os seguidores de uma seita que afundou o país.
Não adiantaram as ameaças de pegar em armas, os comícios que desrespeitaram a sede do Poder Executivo, os discursos arrogantes, a nomeação do Lula, a distribuição de cargos. Deputados sentiram que a nação os empurrava para o voto “sim” e foi uma avalanche de 367 a 137. A presidente não teve humildade e repetiu os erros de Jânio Quadros e Fernando Collor: dar as costas para os representantes do povo faz faltar apoio na hora derradeira. E a hora já passou. Agora já não vai adiantar conversar com senadores com os quais ela nunca conversou. Lula, que a empurrou para o cargo porque já não tinha Dirceu e Palocci, agora pensa que pode agitar o país inventando eleições. A Constituição só prevê novas eleições diretas se a presidente e o vice forem impedidos – e antes de chegar à metade do mandato.
O vice já está formando a equipe. Dia 17 próximo, em Nova Iorque, o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, estará sendo homenageado no evento O Homem do Ano, da revista Time. A área econômica no Brasil torce por ele no Ministério da Fazenda. O novo presidente terá que entrar forte no Ministério da Educação, onde se prega o ensino de uma falsa História do Brasil e se imiscui na formação das crianças, tentando tomar o lugar dos pais. O que se prega é assustador. Temer fala em atenção à infraestrutura, que o governo do PT – e do PMDB – desmontou ao longo dos anos. O fim de uma presidente desastrosa pode trazer o entusiasmo necessário para a retomada de investimentos, mas não poderá fazer a mágica de, em poucos anos, recuperar as contas públicas, que foram sucateadas com tremendos déficits.
Depois, que prossiga, ainda com mais força a Lava-Jato; que se multipliquem pelo país juízes como Sérgio Moro e a equipe de patriotas do Ministério Público e da Polícia Federal. Nós, eleitores, teremos então que fazer a nossa parte, não permitindo que nos enganem de novo.