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Depois da faixa

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Peço desculpas aos parceiros leitores por terem minhas letras, semana passada, enquanto Palocci despencava lentamente, caminhando sobre faixa de pedestre. Acontece que fui atropelado, numa trilha do cerrado. Por um filhote de dog-alemão de 70 quilos em desabalada carreira, que me atingiu por trás e me fez voar e bater no chão com a base do crânio. Resultado: um traumatismo crânio-encefálico com hematoma, por sorte fora do cérebro. Ainda grogue, tudo que consegui escrever foi o que não precisava de muita pesquisa, antes de ir para a ressonância-magnética. Reflexos preservados, mas preocupado com o hematoma, volto ao triste assunto da política brasileira.
   
A presidente já devia ter na manga a escolha da substituta de Palocci, porque saiu tudo no mesmo dia, ao contrário de Lula que, quando um ministro deixava a pasta, a vaga permanecia por semanas. A senadora Gleisi Hoffmann já estava pronta para dar entrevista mal surgira o nome dela, enquanto outros nomes cogitados pelo PT, na Câmara, ficavam perplexos, como o líder Cândido Vacarezza e o ex-líder e ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Mais do que perplexo, irritado, ficou o senador Renan Calheiros, reclamando que o PMDB não fora consultado. É o resultado de nosso regime jaboticaba – só tem no Brasil. Um presidencialismo que parece parlamentarismo. E não é uma coisa nem outra. Uma jaboticaba só pode se parecer com outra jaboticaba.
   
Depois veio a queda natural daquele ministro que usa um capacete peludo, Luiz Sérgio, que tinha o pomposo título de ministro das Relações Institucionais e foi mandado pescar. Como fora prefeito de Angra dos Reis, não estranhou virar ministro da Pesca e ficou muito feliz, como se tivesse sido uma pesca milagrosa. Livrou-se do apelido de garçom. Aquele que anota pedidos. E a Ministra da Pesca, que tem um temperamento de espantar peixes, virou ministra da negociação, das Relações Institucionais. Enquanto era senadora e líder, Ideli Salvatti era quase uma combatente, explosiva e com pavio curto.

Não conheço a nova ministra Gleisi. Quando foi secretária do governador Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, ganhou fama de trator. Fico imaginando o que podem  produzir esses dois temperamentos fortes numa reunião política de apaziguamento de ânimos que hoje se estranham dentro do próprio PT ou, mais delicado ainda, numa reunião com o exigente e queixoso aliado PMDB. Dilma com certeza sabe a resultante porque, afinal, foi ela que juntou as duas. E no discurso para empossar ministros, olhou para o calendário, percebeu que estamos em meados de junhos, e mandou-os trabalhar.

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