O governo que está submetido a um processo de impedimento é um notável criador de contradições. Por exemplo, com tantos advogados à disposição, a Presidente usou para defendê-la o Advogado-Geral da União. Diz o art. 131 da Constituição que a Advocacia-Geral da União representa a União. O art. 2º explica que União é formada pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A presidente responde por infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei Orçamentária – crimes contra a União – num processo regulado pelo Supremo. E o Advogado-Geral da união defende a acusada em processo em que a vítima é a União. Se um advogado da Previdência defender um sonegador contra a Previdência, perde o emprego e a carteira da OAB.
Diz o art. 5º da Constituição que é livre a manifestação do pensamento, mas recentemente foram retirados à força do Palácio do Planalto um deputado que gritou “vergonha!” e uma mulher que vestia uma camisa com a inscrição “impeachment é democracia” – retirados diante da presidente, que nada fez para impedir. Aliás, foi diante dela que o Presidente da CUT ameaçou entrincheirar-se nas ruas, com armas, para defendê-la. O art. 5º considera também que a ação de grupos armados contra a ordem constitucional é crime inafiançável. E ela cumprimentou o autor da ameaça. O Supremo sustou a nomeação de Lula ministro. Mas ele despacha num hotel 5 estrelas de Brasília como se ministro fosse. O hotel é vizinho do Palácio Alvorada.
Em defesa da Presidente, a CUT organiza manifestações de rua. A CUT é uma central sindical, cujo objetivo é defender os trabalhadores, seus salários e seus empregos. Hoje, por causa da política desastrada da Presidente, há 10 milhões de desempregados, milhares de empresas fechadas e os assalariados são oprimidos pela desvalorização da renda causada pela inflação e o endividamento com juros altos. A CUT, em vez de defender empregos e salários, defende quem causou a deterioração de empregos e salários. Outra contradição evidente.
Atribuir a crise política à oposição é outra falácia. Ora, a crise política é consequência da política populista do governo, nesses últimos 13 anos. Lula e Dilma pensam que para promover crescimento e prosperidade é preciso estimular o consumo e o consequente endividamento. Pegaram o rabo em lugar da cabeça. Todos sabem que só a poupança e o investimento provocam crescimento e prosperidade. Consumo é consequência, não causa. E a oposição não tinha poderes de política econômica nesses últimos 13 anos. A oposição não tem poderes sobre as contas públicas desequilibradas, nem sobre tarifas de energia e preço de combustíveis artificiais. Nem sobre o inchaço e a ineficiência do estado. É o governo o autor de suas contradições e por isso está sendo julgado.