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Caixa de Pandora

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 Apenas contados os votos e proclamado o resultado, vozes inconformadas pediam o impedimento da Presidente. Outras, mais radicais ainda – vivandeiras de quartel, de que falou o General Castello Branco -, clamavam por intervenção militar, isto é, um golpe. É gente que não se conforma com a democracia, em que se aceita a vontade da maioria eleitoral, ainda que seja por um voto. Pois não houve fraude na eleição, como reconhece o próprio candidato derrotado, nem haverá golpe militar. Quem perdeu que se reconheça derrotado, incapaz de convencer a maioria, incapaz de apresentar argumentação melhor que a de Lula, incapaz de fazer a maioria perceber o óbvio, que é a ameaça da repetição de um fracasso, pelo uso de uma fraude.

A fraude está bem aquém das urnas. É a fraude no Ensino – que tem quantidade, para encher as estatísticas, mas não tem qualidade, para manter as cabeças sem capacidade de discernir.  Metade do país não foi surpreendida pela inflação, pelo aumento dos juros, da eletricidade e da gasolina; pelos déficits nas contas públicas; pela dívida recordista, pelos escândalos, o crescimento zero e o consequente desemprego. Mas a outra metade, mantida na escuridão do populismo típico latino-americano, surpreendeu-se mas, certamente, nem por isso se sentiu traída. Foi fraudada, mas nem isso talvez seja capaz de entender.

O primeiro mandato da Presidente ainda tem mais um mês e meio. Depois, já começará a contagem regressiva de seu último mandato. Até agora, tudo indica que Dilma 2 será repetição de Dilma 1. Neste próximo mês e meio deve continuar aberta a Caixa de Pandora, liberando os males escondidos antes da eleição, talvez na tentativa de melhorar o caminho do ano que vez, retirando as maiores pedras, deixadas pela monocracia incompetente. A vencedora não terá facilidades nem com os próprios aliados. O PT reclama mais diálogo e mais poder. O PMDB idem. O PP saiu dividido da eleição; aliás, o PMDB também No primeiro mandato não houve prática alguma do diálogo de que agora ela fala: recebeu apenas 15 dos 594 congressistas.

Enquanto isso, a oposição sai das eleições mais forte do que nunca, inclusive ganhando as ruas. O discurso de Aécio no Senado teve mais importância que a fala da vitória de Dilma e o derrotado começa a percorrer o país para agradecer a votação, enquanto descobre, enfim, que é oposição. Dilma, ao contrário, está contra a parede sob o peso da vitória; foi para a reunião econômica mundial levando um Ministro da Fazenda já rifado, porque não conseguiu outro. Já sofreu uma derrota na Câmara e terá outra no Senado, na derrubada do decreto dos sovietes. E ainda tem o PT tentando empurrar bolivarianismos como controle da mídia, “hegemonia na sociedade”e “reformas estruturais”. Sorte de Aécio. Se fosse o vitorioso, a Caixa de Pandora do governo estaria reservada para ele abrir no ano que vem.

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