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Estão chamando de vândalos os saqueadores e arruaceiros que têm atacado lojas, bancos e prédios públicos. Não é bem aplicado o nome, porque os vândalos, quando saíram da Germânia e chegaram a conquistar cidades do norte da África e depois saquearam Roma, não escondiam o rosto. Lutavam sem cobrir a cabeça. Os daqui, quase 2 mil anos depois, são diferentes. Têm motivos para ocultar o rosto. Um ministro de tribunal superior me disse estar convicto de que eles são pagos para fazer o que fazem e com o objetivo de enfraquecer o ânimo dos manifestantes que em junho deram vazão à indignação contra a corrupção, os gastos públicos com estádios e a falta de atenção à educação, à saúde, ao transporte público e à segurança pública.

Chama a atenção o ódio com que atacam agências bancárias e lojas, o que demonstra motivação ideológica contra a economia de mercado e a iniciativa privada. Quem pensa assim também debocha dos jovens que saíram às ruas, qualificando-os de "juventude burguesa". Um qualificativo que identifica a mesma origem ideológica. Como fracassou o contraponto às manifestações espontâneas, organizado pelas centrais sindicais, PT e MST, os ditos vândalos recrudesceram.

A polícia militar se confessa inexperiente com esse tipo de manifestações. Antes, eram passeatas promovidas por chamados movimentos sociais, sindicatos e ongs, tudo organizado, planejado, comandado, muitas vezes pago, com carros de som, faixas e bandeiras distribuídas, sempre em defesa de interesses próprios. Em junho brotou nas ruas um desabafo sem líderanças nem donos. A polícia ficou desorientada, porque não tinha com quem negociar condições. E respondeu com balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta. Enquanto manifestantes pacíficos recebiam esse tratamento, os arruaceiros e saqueadores oportunistas invadiam bancos e lojas sem a rigorosa e necessária reação policial – para esses, usar spray, gás e bala de borracha é pouco. E por que agem livremente, para serem filmados e mostrados? Só depois de as imagens do vandalismo percorrerem o país e assustarem quem pretenda voltar às ruas, é que meia dúzia de desordeiros é identificada e detida.

Não há dúvida de que levar sacolas cheias de rojões e coquetéis molotov para as ruas é algo que demanda planejamento. Não é igual a improvisar numa cartolina "População passiva = Corrupção ativa". Não; é preciso sair com tudo comprado e com o objetivo de quebrar e incendiar. Haverá adesões de aproveitadores para saquear a loja arrombada, mas o objetivo é assustar, atacar símbolos da economia de mercado – força bruta em lugar da crítica inteligente dos manifestantes espontâneos. Os arruaceiros querem convencer as famílias que acordaram o gigante adormecido, que manifestação de rua é algo perigoso.

A quem interessa?

 

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