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A confissão de Lula

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Lula já é réu na Vara Federal de Sérgio Moro. No dia seguinte ao anúncio da Força-Tarefa, de que seria denunciado por crimes praticados com a OAS, Lula reuniu seus mais próximos seguidores para dar uma satisfação ao que resta do PT, aos candidatos do partido na próxima eleição e à opinião pública mais ingênua. No rádio, lembrei que a Velhinha de Taubaté, falecida personagem de Luiz Fernando Veríssimo, desabaria em prantos ao ouvir a narrativa de que num domingo chuvoso ele e seus irmãos olhavam a panela vazia por falta de feijão. Ele disse também que o odeiam por ter tido sucesso em dar aos pobres três refeições por dia. Uma arenga bem à altura do populismo latinoamericano, mas nada que o autorize a comparar-se com Jesus Cristo, que multiplicou pão e peixe no relato de Marcos e Mateus. No entanto, Lula acaba de afirmar que em honestidade, “só Jesus ganha de mim”. Como Jesus foi elevado aos céus, aqui na Terra Lula é o honesto supremo. Aliás, é a “metamorfose ambulante”, como certa vez se definiu. Há pouco era uma jararaca – uma serpente, símbolo bíblico do demônio – e agora é o vice de Cristo.

Apostando que pouca gente deve ter acompanhado a apresentação da denúncia para os jornalistas, Lula ironizou os procuradores que “não tem provas, mas convicção”. Revisei a gravação, já que não havia percebido isso. E nada encontrei. Em nenhum momento afirmaram não ter provas mas convicções. Eles demonstraram o óbvio de que se Dirceu caiu e o esquema continuou; se Genuíno, presidente do PT caiu e o esquema continuou, se os tesoureiros do PT que se sucederam foram caindo e o esquema continuou, então deve haver uma mão suprema, a comandar o esquema – talvez o que ficou na Terra como o mais honesto depois de Jesus. Não é difícil demonstrar que o PT só tem um chefe, desde sempre. Quanto ao não ter provas, o que o procurador afirmou foi não ter a prova cabal do nome de Lula na escritura do triplex, já que essa ausência é justamente a indicação do crime de falsidade no recebimento de propina.

Falando por quase 70 minutos – um tempo em que também perde para Brizola, Fidel e Plínio Salgado – Lula ainda defendeu o político ladrão e, de novo, ironizou os que têm diploma superior, como fazia nas reuniões do Sindicato dos Metalúrgicos. “A profissão mais honesta é a do político. Por mais ladrão que ele seja, todo ano tem que ir para a rua encarar o povo e pedir voto.” E, já que o PT nomeou milhares de seguidores para cargos públicos sem concurso, achincalhou os concursados: “Se forma na universidade, faz um concurso público e está com emprego garantido o resto da vida.” Na cabeça de Lula, emprego público é garantia vitalícia. E a política é uma profissão, em que se pode ser ladrão, que é anistiado pelo voto. Ser denunciado como comandante máximo da propinocracia não tem importância,  se é isentado pelo voto para se eleger, reeleger e eleger os postes que quiser.

Adhemar de Barros, que governou São Paulo, ficou marcado pela frase Rouba mas Faz. Dilma e seu ex-marido estiveram na ação da VAR Palmares que roubou o cofre de Adhemar. Agora Lula afirma que ladrões são alforriados pelo voto. Parece estar desafiando os procuradores ante o fato de que ele tem voto até hoje. Não pode, portanto, ser denunciado por receber propina da OAS. A Velhinha de Taubaté, modelo da ingenuidade crédula, acredita. Quem for como ela, por questão de fé ideológica, também. O Juiz Sérgio Moro não acreditou e aceitou a denúncia. Para quem acompanha os fatos e escrutina a alma humana, Lula fez uma confissão. É réu confesso.

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