sexta-feira, 29/março/2024
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Soja perde quase 30 pontos em Chicago e pressiona cotações no Brasil

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A semana começou intensa para o mercado internacional da soja e os futuros da commodity encerrando o dia com mais de 2% de baixa na Bolsa de Chicago na sessão desta segunda-feira (30). Para os analistas e consultores, porém, esse é um movimento “natural” do mercado e não indica uma tendência completamente definida para o mercado.

“Já tivemos dias mais nervosos do que esse”, diz o consultor de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão. “Vejo essa oscilação como uma mera correção, principalmente na soja que, desde setembro do ano passado, subiu muito em cima de uma especulação de clima primeiro nos EUA e agora na Argentina. E o fato da China estar nas comemorações do Ano Novo Lunar tem data para acabar, então, sazonalmente é como chuva em Mato Grosso, todo ano chove”, completa.

O movimento técnico foi reconhecido por uma série de analistas que, ao lado de Galvão, citam esse movimento de liquidação de posições, ou vendas por parte dos fundos investidores, que aproveitam as altas recentes para realizarem lucros.

“(Na última semana), os players comerciais estão aproveitando as altas recentes dos preços da soja em Chicago para realizar vendas superiores as realizadas nas últimas semanas. Ao total são mais de 100 mil contratos vendidos, a maior quantidade dos últimos 3 meses, porém ainda aquém dos 200 mil contratos de 8 meses atrás”, como explica o economista da Apexsim Inteligência de Mercado, Guilherme Zanin, e como ilustra o gráfico a seguir, mostrando a posição dos players no mercado.

Soja Apexsim – Fundos e Hedgers

No entanto, a semana começou ainda refletindo as novidades implementadas por Donald Trump nos Estados Unidos. A iminência de uma crise diplomática no país intensificou a aversão ao risco neste início de semana e também ajudou a pressionar as commodities.

“Consultorias mundiais e empresas de grande porte estão alertando sobre a crise diplomática que o presidente Trump está criando com o mundo e alertando para a questões de barreiras comerciais, com uma possível catástrofe sobre o comércio mundial de grãos”, explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa. “Alertam por exemplo sobre o grande comprador de trigo, milho e carne suína dos EUA ser o país vizinho, o México, e Trump afirmando que será construído um muro na fronteira dos dois países”, completa.

Ao mesmo tempo, há ainda, entre os fundamentos, a influência do clima na América do Sul. Com a melhor as condições no Brasil e na Argentina, os prêmios de risco climático começam a ser retirados, ainda como explica Sousa, e os preços perdem parte de sua força.

Na Argentina, apesar o tempo seco nesse momento, as últimas previsões seguem indicando a volta das chuvas a partir do dia 1º de fevereiro. No Brasil, a atenção é com a colheita e as regiões que também vinham sofrendo, na última semana, com o excesso de umidade.

Mercado Nacional

No Brasil, mercado travado. Com esse cenário em Chicago e o dólar começando a semana caminhando para os R$ 3,10, os vendedores se retraíram ainda mais neste início de semana. A moeda americana fechou o dia com baixa de 0,77% e cotada a R$ 3,1276, apos bater em R$ 3,1133 na mínima do dia.

“Nos dois últimos dias do mês, a volatilidade aumenta com a formação da Ptax, mas o mercado ainda está sob efeito do crescimento menor que o esperado do PIB norte-americano, que abre o questionamento se há espaço para três altas de juros neste ano nos EUA”, destacou o operador de câmbio da Advanced Corretora Alessandro Faganello à agência de notícias Reuters.

Assim, no mercado brasileiro, os preços cederam no mercado disponível – com baixas que variaram, nesta segunda, de 0,73% a 6,25% – e as referências já voltando aos R$ 60,00 no Centro-Oeste, por exemplo. No Paraná, os preços voltaram a perder os R$ 70,00, com exceção de Ponta Grossa, que fechou o dia com R$ 72,00, estável.

Nos portos, os recuos também foram severos. Em Paranagá, disponível e futuro fecharam com R$ 73,50 e queda de 3,29%, enquanto em Rio Grande, o disponível foi a R$ 74,00, perdendo 3,9% somente nesta segunda-feira, e o mercado para junho com queda de 2,31% e referência final de R$ 76,20.

Os negócios, portanto, estão travados no mercado brasileiro. E, para o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, essa é uma postura acertada do produtor brasileiro. Embora o espaço para novas baixas em Chicago seja restrito – com o maio/17 podendo buscar os US$ 10,30 / US$ 10,20 por bushel, a recuperação das cotações da soja brasileira não deve chegar via mercado internacional ou dólar, que também pode recuar um pouco mais.

“O Banco Central tem atuado forte para conter a inflação – com sucesso – e não tem ‘ajudado muito’ o dólar, que pode recuar um pouco mais, sem mostrar uma reação no curto prazo”, diz. “Então, também no curto prazo, o produtor deve continuar aguardando”, completa Vlamir Brandalizze.

As melhores oportunidades poderiam chegar, portanto, com a perspectiva de uma melhora dos prêmios, que apesar do avanço da colheita e da chegada da nova oferta ao mercado, seguem positivos nos terminais nacionais.

“Eu espero que os prêmios voltem a subir. Acredito que a demanda pelo produto brasileiro vai se acentuar no decorrer e o único jeito de trazer o produtor de voltara ao mercado é pagando mais, o que pode significar prêmios melhores. Apesar de algum atraso na colheita, agora as coisas devem andar melhor e um grande volume de produto deve chegar ao mercado”, explica Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.

Para Motter, não está descartada a possibilidade de um mercado ainda mais pressionado nos próximos dias, e faz ainda um alerta. “A oferta aumenta, o frete sobe e, como há um baixo volume de vendas antecipadas, o produtor pode ter a necessidade de vir a mercado. Mas, tudo depende de uma série de combinações, incluindo, também o câmbio”, conclui.

Fonte: Notícias Agrícolas

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