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MT diminui exportações de algodão e aumenta procura por máquinas de preparo têxtil

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Mato Grosso reduziu as exportações de algodão em pluma e intensificou as compras de máquinas e aparelhos para preparo de têxteis este ano. Entre janeiro a outubro foram enviadas ao mercado internacional 338,779 mil toneladas de pluma de algodão por US$ 558,4 milhões. Os valores estão inferiores 18,54% em volume físico e 10,67% em receita comercial ao do mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 415,889 mil (t) de algodão por US$ 625,1 milhões.

Os números constam no informativo semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), extraídos junto à Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Comércio Exterior (Mdic). Dados do Mdic apontam ainda que as importações de máquinas, aparelhos para fabricação, preparo e análise de fios têxteis aumentaram em 192,10% no Estado.

Enquanto em 2016 foram investidos, de janeiro a outubro, US$ 553,794 milhões na compra desses itens, este ano as importações já chegam a US$ 1,617 bilhão. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), as importações de vestuário no país aumentaram 49,2% entre janeiro e outubro deste ano sobre o mesmo intervalo do ano passado. Somente em outubro as compras externas desses produtos saltaram 90,13% sobre igual mês de 2016.

O presidente da Abit, Fernando Pimentel, afirma que o setor teme reflexos negativos neste fim de ano, quando tradicionalmente as vendas aumentam. Conforme ele, o aumento da importação era previsível, depois da queda de 46% em volume no ano passado, em resposta à crise econômica brasileira iniciada em 2015. “Nossa previsão era de crescimento de 20% nas importações em 2017, comparado com o último ano, em função de uma taxa de câmbio e um real mais apreciado, além da retomada do consumo depois de 2016”.

Pimentel relembra que o câmbio caiu abaixo da expectativa de R$ 3,35 e chegou à média de R$ 3,15. “Considerando isso, a velocidade desse crescimento foi mais intensa. O câmbio ficou mais favorável para importar e não para exportar”. Segundo ele, a disparada nas importações alarmou o setor que levou o problema às autoridades brasileiras. “Pode ser um problema com as compras no exterior. Identificamos produtos comprados a 55 centavos de dólar em determinado local. Esse preço é um quinto do valor que o mesmo produto chega a outros lugares do Brasil”, alerta Pimentel.

Para ele, a repentina evolução nas compras externas de confecções nos últimos meses, especialmente em outubro, pode ser motivada por concorrência irregular e desleal no mercado. Ele chama atenção, ainda, para a importação de malha, que representa quase a metade das importações nos períodos mencionados. “Somos favoráveis a maior inserção do Brasil em mercados mundiais, mas precisamos nos organizar para isso”.

Ao falar sobre a produção de fibras, o presidente da Abit destaca que no Brasil prevalece o algodão, diferentemente de outros países que investem mais em fibras sintéticas, com destaque para o poliéster que totaliza 64 milhões de toneladas consumidas por ano no mundo. Já o consumo mundial de fibras de algodão fica restrito a 24 milhões de toneladas e representa 27,27% do consumo mundial de 88 milhões de toneladas de fibras no total. “Existe uma disputa mercadológica entre algodão e poliéster. E, enquanto a produção local de algodão está crescendo em torno de 4%, o consumo de confecção no varejo cresce 6% e a importação 40%”, enfatiza Pimentel.

Em síntese, a importação cresce 10 vezes mais que o mercado local. Na opinião do presidente da Abit, o “outro lado da moeda” é a capacidade exportadora brasileira. “O Brasil é um grande exportador de algodão, então o mercado internacional impacta também nas questões relacionados ao algodão mato-grossense”.

Ao olhar para o próximo ano sob a ótica da produção local, verifica-se que o acentuado crescimento nas importações poderá arrefecer o ritmo de retomada têxtil de confecção ainda este ano, considera Pimentel. “A produção cresceu este ano entre 4% a 5% e se este ritmo de importação for mantido poderá reduzir a produção para 2018”, avalia.

Com as regressões e projeções possíveis de cálculo, a despeito do potencial de crescimento de 2,5% a 3%, seria de supor que o setor crescesse igual ao PIB, avalia o presidente da Abit. “Estamos estimando queda, se esse ritmo de importação persistir. Ao invés de crescer 3% poderá crescer 2% porque parte do mercado está ocupado com produtos importados”.

Agora, se os indícios de ilegalidade de importação forem combatidos, trará reflexo menor no crescimento da produção, conclui. Indústria local Apesar dos investimentos na aquisição de maquinários, o setor industrial têxtil é incipiente em Mato Grosso, afirma o presidente do Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan. Outros setores em situação semelhante são os de madeira e móveis e de couro e calçados, exemplifica. “Temos o maior rebanho bovino do país, poucos curtumes e nenhuma indústria de calçado”, afirma.

Para ele, o setor têxtil poderia expandir no Estado com incentivos fiscais, já que gera muitos empregos, especialmente na área de confecção de vestuário. Milan considera ainda a necessidade de investir na infraestrutura logística, com diversificação dos modais de transporte. “No momento que chegarem ferrovias e hidrovias, a indústria mato-grossense crescerá. Hoje é um problema levar produto para o Sul e Sudeste devido ao custo do frete. Pagamos mais caro para retirar produto do Estado e o mercado consumidor local é muito pequeno”.

O presidente da Abit, Fernando Pimentel, também defende uma agenda mais competitiva para o país. “O Brasil tem tendência de ter o real valorizado, de atrair investidores estrangeiros com a redução dos juros”. Ele afirma que o país precisa de investimentos nas áreas de energia, saneamento, infraestrutura. “A iniciativa privada brasileira não consegue fazer isso sozinha, então o capital externo é necessário”, defende.

Ele alerta, contudo, para a regulação dos investimentos estrangeiros, de forma a evitar que pressionem o câmbio. Outro ponto destacado por Pimentel é a carga tributária. “É preciso sair do manicômio tributário em que vivemos”.

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