Das mais de 31 milhões de toneladas de soja da safra 2017/18, cerca de 9,21 milhões ainda não foram comercializadas pelos produtores e podem aproveitar as positivas oscilações de mercado das últimas semanas, que na comparação anual exibem valorização de até 32%.
O volume ainda nas ‘mãos do produtor’, representa 30% do total produzido nessa safra e foi travada/vendida de forma antecipada antes da colheita e por isso podem ser vendidas pela atual cotação e gerar um melhor retorno financeiro antes do fechamento desse ciclo. Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço da saca do grão passou de R$ 52,24 na última semana de abril do ano passado para R$ 68,92 no mesmo momento desse ano. Apenas na comparação semanal, R$ 68,49 (da semana anterior ao fechamento do mês), houve ganho de 0,62%.
“O grande aliado dessa reta final da safra é a taxa de câmbio”, como destacam os analistas do Imea. Como explicam, o dólar, na semana passada, atingiu a cotação média de R$ 3,47/US$ e um ganho de 2,04% e é justamente essa variação, ora positiva, é que pode gerar um melhor retorno ao produtor que tiver grão disponível.
“A colheita da safra 2017/18, em Mato Grosso, caminha para seu encerramento (atingiu no final de abril 99%) com bons resultados a campo e agora o produtor não deve se descuidar para garantir as melhores negociações. Ao analisar as cotações de soja ao longo da safra é possível verificar que os preços a termo (vendas antecipadas) não eram suficientes para cobrir o custo total e por vezes ficaram muito próximo do custo variável. Entretanto, com a entrada do mercado físico, o cenário se torna outro, o preço da soja disponível subiu de forma gradativa e neste momento está acima do custo total, algo que não foi visto ao decorrer da safra”.
Para os próximos meses a projeção vem indicando valores próximos do atual para a saca mato-grossense, no entanto, cabe salientar, “que muita água pode passar por debaixo desta ponte”. Os analistas do Imea se referem a fatores externos como o início do ‘mercado climático’ com o plantio da oleaginosa nos Estados Unidos, câmbio, embate comercial entre os Estados Unidos e China que vão influenciar nas exportações, dentre outros. “Assim, o produtor deve estar atento as suas estratégias de comercialização para realizar os melhores negócios”, levando em conta que o melhor preço é aquele que remunera cada produtor.
Na última semana foi dado o pontapé inicial de semeadura da safra 2018/19 da soja nos Estados Unidos. De acordo com o USDA (Departamento norte-americano de Agricultura), até o fim de abril cerca de 5% da área projetada para este ano estava plantada, percentual igual aos os registrados na média dos últimos cinco anos e um pouco atrás do observado em 2017.
Os maiores estados produtores do país, Illinois e Iowa, puxados pelo aumento nas temperaturas do solo na última semana, registraram 7% e 3% de área cultivada, respectivamente. Para este início de mês, as previsões meteorológicas apontam para elevados volumes de chuvas no país, o que pode refletir no andamento do processo, acelerando o ritmo no hemisfério Norte. “Assim, o mercado climático, que já assume grande importância nas movimentações das cotações da soja em Chicago, tende a continuar como um grande condutor de preços durante os próximos meses”, completam os analistas.