PUBLICIDADE

Nós somos a “molecada”, Emanuel

Fellipe Correa
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Estou quieto desde o 1º turno das eleições de 2018, quando fui candidato a deputado federal pela Rede Sustentabilidade. Foi uma campanha honesta, modesta, conceitual e colaborativa, mas não fui eleito. E decidi silenciar frente a um 2º turno no qual nenhum dos presidenciáveis me representava, assim como em 2016: Jamais apoiaria Wilson Santos ou Emanuel Pinheiro.

Hoje, abro os portais de notícias desse velho-centro-oeste em que vivemos e me deparo com o poste mijando no cachorro: Do fundo do poço moral em que se encontra, o sabe-se-lá-como-ainda-prefeito Emanuel Pinheiro ameaça processar os poucos e corajosos vereadores de oposição que recusaram cargos e outros benefícios em troca de fechar os olhos para a sua gestão tenebrosa.

Bizarro é que Emanuel não é só aquele cara que, entre piadas e risadas, deixou cair maços de dinheiro do paletó. É ex-professor de direito constitucional, e vê-lo rosnando e babando contra a imunidade parlamentar da qual já usufruiu como deputado tem objetivo: Pautar a imprensa, a quem a Prefeitura paga gordos anúncios. E ai de quem não publicar, e debulhando a oposição.

Emanuel também me processou nas eleições de 2018. Não o pai, mas o filho, que foi candidato a deputado federal assim como eu. Fazendo uma paródia dos Jetsons, coloquei o Emanuel-pai saindo da Prefeitura e recheando de dinheiro a nave de um garoto que, na sequência, voava para o Congresso. Como não havia qualquer menção ao herdeiro no vídeo, não fui condenado.

Mas a carapuça serviu, ou não teriam me processado. Agora, com a notícia de que delações denunciaram R$ 14 milhões guardados em quartos de motel para safadezas eleitorais, o divertido vídeo que me custou um processo passa a ter cara de profecia. Mas nenhum cuiabano precisa ser astrólogo como o Olavo de Carvalho para saber que a máquina pública municipal trabalhou pesado ali.

Antes que ambos os Emanueis me processem novamente, ressalto que não estou citando acusações outras além das que já existam na justiça, inclusive eleitoral – e me processar por falar o que é público e notório já é demais. O que quero fazer aqui é apenas colocar as peças na mesa e montar o inequívoco quebra-cabeça. E o que se vê? Que o prefeito Emanuel é um moribundo político.

Assim como o prefeito entrou na política para substituir seu pai, que havia falecido, seu filho de 24 anos também foi eleito para substituí-lo – mas por conta de sua morte política. O desespero de Emanuel para alocar o herdeiro implodiu o MDB, e enquanto Bezerra faz cara de paisagem, Valtenir mastiga seus calcanhares e Janaína Riva só mantém a posição de olho nos despojos.

Contudo, se até Emanuel-pai já sabe que não haverá perdão para ele nas urnas, essa ficha ainda não caiu para os vereadores que o apoiam. Qualquer cuiabano de 13 anos sabe que enfiar o dedo na tomada e manter Emanuel no Palácio Alencastro não são boas escolhas, mas parece que a maioria esmagadora da Câmara quer pagar pra ver em 2020. Meu apelo é que reconsiderem.

Já aos vereadores de oposição, que enfrentam não só o prefeito, mas também colegas e seus próprios partidos, fica aqui o meu reconhecimento: Para isso é que todos os representantes do povo deveriam ser eleitos, para representar o povo, ser a voz do povo. Sigam denunciando os cabides de emprego, o descalabro da saúde, a farra da Sec300 e dos empréstimos milionários.

E se o prefeito insistir em chamar a nossa turma de “molecada”, convido-os a encararmos isso como um elogio: Nossa geração chegou sim para por abaixo as estruturas carcomidas da política jurássica, desses neo-coronéis que, com dinheiro alheio pulando dos bolsos, fazem da República um negócio particular que passa de pai para filho, e um eterno poleiro para cabos eleitorais.

Fellipe Correa foi candidato a deputado federal em 2018 sem recursos do fundo partidário.

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

21 Dias de Ativismo que nos lembram do que não pode ser esquecido jamais

Neste dia 10, estamos encerrando a campanha de 21...

Inclusão social: compromisso que guia minha trajetória

Quando celebramos o Dia da Inclusão Social, não posso...

A consolidação da representatividade do Agro brasileiro

A recente recondução de João Martins Júnior à presidência...

A culpa é do político que temos ou do eleitor que somos?

Nos acostumamos a repetir que “o problema do Brasil...