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Cuiabá: aterro sanitário e lixão são atingidos por fogo

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Parte do aterro sanitário de Cuiabá e cerca de 5.600 toneladas de lixo acumuladas na mesma região estão pegando fogo, colocando em risco a saúde da população. Os incêndios são distintos e têm características diferenciadas no controle. Pela previsão da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, o material acumulado deve queimar por mais quatro dias, enquanto o fogo do aterro já foi controlado. Conforme o titular da pasta, José Roberto Stopa, as queimadas são criminosas e boletins de ocorrência sobre as situações foram registrados para identificar as autorias para penalização, uma vez que trata-se de crime ambiental. Na noite de quinta-feira, parte da Capital ficou tomada pela fumaça, que segundo Stopa também é do lixão de Várzea Grande.

Professor de Engenharia Sanitária da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Paulo Modesto destaca que a situação recorrente é reflexo das condições do aterro, que há anos deixou de cumprir o papel adequado e se transformou em um lixão. A atual destinação dos resíduos sólidos em Cuiabá causa danos à saúde e ao meio ambiente de forma geral. Em relação ao incêndio na área, ele aponta que não surpreende, pois trata-se de uma área com grande quantidade de material combustível e de difícil controle. Frisa que esse tipo de queimada é mais danosa à saúde, se comparada com as chamas em uma área de mata, por exemplo.

A fumaça emitida nessa situação carrega muito material particulado, como hidrocarbonetos variados, fuligem (carbono), óxidos metálicos (chumbo, mercúrio), entre outros. “O prejuízo à saúde é maior em função da diversidade de constituintes existentes em um lixão. E causa um grande impacto no trato respiratório”.

O local apontado como aterro sanitário fica na parte superior da área, localizada na estrada para o Coxipó do Ouro, onde a fumaça tomaconta. Neste ponto, Stopa comenta que dezenas de toneladas de terra foram jogadas para controlar as chamas e o fogo já foi apagado, restando somente a fumaça. Como há muitos gases acumulados, as chamas não são controladas com uso de água e o trabalho é mais complicado, uma vez que o excesso de resíduos acumulados continua queimando por baixo.

“Às vezes para de queimar em cima e temos a falsa impressão de ter encerrado o problema, porém as camadas mais profundas continuam queimando, por isso a necessidade do controle com o uso de terra”.

O acúmulo de gases ocorre naturalmente pela forma de acomodação do lixo na célula. Stopa afirma que a cada cinco metros de resíduos sólidos é feita a compactação do material e adiciona 30 centímetros de terra, voltando a acrescentar mais uma camada de lixo, sucessivamente. Essa carga resulta em formação de gases que são drenados pelo sistema do aterro, mas permanecem na região.

Lixão – Já o lixo acumulado na parte inferior não recebeu o mesmo tratamento, uma vez que foi acondicionado no local de maneira provisória, durante 10 dias no mês de julho, até a construção da nova célula, que foi concluída em agosto. Nesta área o material não foi compactado, pois seria transferido para a célula.

Questionado sobre o porquê da demora para destinação adequada do lixo, uma vez que a célula foi entregue há mais de um mês, o secretário justifica que o incêndio no aterro atrapalhou o serviço que é dispendioso e teve a mão de obra ocupada para o controle do fogo.

“Os funcionários carregaram dezenas de toneladas para o aterro, além disso temos que esperar o fogo da área embaixo apagar 100% para remoção dos resíduos. Caso contrário, podemos levar as chamas para a célula”. Stopa afirma que as chamas nessa região foram isoladas com barreiras de terra para evitar propagação por todo material acumulado no local.

Para o professor, Cuiabá regrediu em termos de destinação de resíduos sólidos, pois o aterro sanitário não funciona adequadamente há muitos anos. Aponta que o incêndio é apenas uma das situações danosas ao ambiente e população. Lembra que o lixo armazenado ao céu aberto, sem o devido tratamento, é chamariz para animais diversos, como roedores e aves, além de contaminar o solo com o contato com o chorume.

Cita ainda a existência de dezenas de pessoas que trabalham sem condições básicas de segurança e saúde. Para recuperação da área, conforme Modesto, será necessária uma grande quantia de investimento e tempo.

Secretário afirma que queimadas são criminosas e professor destaca riscos à saúde e ao meio ambiente Previsão da secretaria é que material acumulado deve queimar por mais quatro dias na parte de baixo.

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