O governador Pedro Taques (PSDB) disse, em entrevista ao jornal Estadão, que a realização de nova eleição por conta da crise política vivida no país seria golpe. “Sou absolutamente contra a realização de novas eleições agora. Isso seria fugir do que está previsto na Constituição. Novas eleições agora seriam um golpe. Aí sim seria golpe”.
Para Taques, o crime de responsabilidade está previsto no artigo 85 da Constituição Federal. “Quando a presidente da República, independentemente do sexo ou do partido, ofende princípios republicanos, isso é crime de responsabilidade. Não vivemos em um parlamentarismo. Nesse regime, quando há uma crise ou desconfiança em relação a presidente, como acontece hoje, se antecipam as eleições”.
Ao ser questionado sobre uma possível participação do PSDB no governo Michel Temer (vice-presidente da República), o governador mato-grossense disse que o partido não pode ficar fora das discussões pós-impeachment. No entanto, isso não implicaria em indicar aliados ou nomes para este possível novo governo federal. Para ele, este assunto deverá ser discutido dentro do âmbito do partido.
“Não defendo a participação de pessoas e o debate sobre cargos. Esse não é o nível de discussão que o PSDB deseja. Defendo o impeachment e fui o primeiro governador a defender isso. No pós-impeachment precisamos de um governo de reconciliação nacional. Defendo que não ocorra a participação dos quadros do PSDB no governo”.
Taques lembrou que sempre defendeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e que todo o PSDB também é a favor.
Pedro Taques também não deixou de alfinetar o comportamento do governo federal em relação ao processo de impeachment. Ele afirmou na entrevista que o governo está comprando apoios. “O governo está comprando apoios, como a imprensa tem noticiado todos os dias. Os próprios deputados que participaram da reunião de sexta-feira [houve reunião das principais lideranças do PSDB] fizeram relatos nesse sentido”.
Ao responder questão sobre a pesquisa Datafolha, na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece em primeiro lugar na intenção de votos para a eleição de 2018, o governador afirmou que Lula está em campanha e o “Palácio do Planalto é o comitê eleitoral dele”.