As músicas de Matheus, 23 anos, e Kauan, 29, reinam nas rádios e figuram entre as mais ouvidas no streaming nacional. Ao Vivo e A Cores, por exemplo, que eles gravaram em parceria com Anitta, é a canção brasileira que está há mais tempo em primeiro lugar no Spotify Brasil em 2018. Apesar do estrondoso sucesso, a simplicidade dos irmãos chama atenção à primeira vista. Durante entrevista a QUEM em Nova York, nos Estados Unidos – onde eles fizeram sua primeira apresentação internacional, no BR Day New York, no início deste mês – os dois implicam um com o outro o tempo inteiro. E caem na gargalhada em diversos momentos. Kauan, o mais velho da dupla, não se cansa de tirar sarro do caçula. Ao vê-lo com uns óculos redondos no Instagram, mostra a foto no celular e pergunta: “Não está a cara do Elton John?”, diverte-se.
Nascidos em Itapuranga, interior de Goiás, a história dos irmãos na música começou com Kauan. Primeiro filho homem do pai, Osvaldo, ele ganhava muitos presentes, mas se apegava aos brinquedos musicais. Aos cinco anos, impressionava a todos na igreja que frequentava. “Eu era novinho e já cantava afinadinho”, lembra Kauan, aos risos. Percebendo o dom do sobrinho, Vicente, seu tio, irmão de Sirlene, sua mãe, resolveu levá-lo para participar de festivais de música na região. “O Matheus ainda era bebê nessa época”, conta Kauan, revelando que, pouco depois, o pai da dupla morreu em decorrência de um câncer.
Até então, Kauan seguia a carreira musical sem Matheus. Além de participar dos festivais, gravou dois discos solo e tentou algumas parcerias. Aos 17 anos, mudou-se para Atlanta, nos Estados Unidos, onde morou por 11 meses. Quando voltou ao Brasil, encontrou Matheus – então com 13 anos – cantando e compondo maravilhosamente bem. “Nosso tio Vicente foi um grande incentivador da carreira do Kauan e das outras duplas que ele teve, mas ele sempre falava: ‘Você vai rodar, mas vai parar com seu irmão. Não tem jeito’. E foi o que aconteceu. Dito e feito. Tinha que mudar o nome de Vicente para Vidente”, recorda Matheus, às gargalhadas.
COMPOSITORES
Antes de fazerem sucesso com a dupla, Matheus e Kauan disponibilizaram seu amplo repertório de composições para grandes artistas, como Jorge e Mateus, que gravaram Na Hora que Você Chamar; Coisas de Quem Ama e Vai Entender; Luan Santana, que escolheu sete músicas de Matheus para seu repertório, incluindo Tudo que Você Quiser que o premiou com a música do ano em 2014 no Prêmio Multishow; Michel Teló com Se Tudo Fosse Fácil; Cristiano Araújo com Mente Pra Mim; Gusttavo Lima com Eu Vou Tentando Te Agarrar e Bruno e Marrone com Tiro e Queda, entre outros. “Quando fizemos a dupla, gravamos algumas músicas e com as outras que fui fazendo, criamos uma amizade com os artistas, o que facilitou nossa entrada no meio. Mostrávamos as músicas no estúdio para os produtores, que mostravam para os artistas e todo mundo foi gravando. Essa fase foi muito importante para nós”, afirma Matheus.
FAMÍLIA
Casados e com filhos – Matheus é casado com Paula Aires com quem tem Davi, de 3 anos, e Kauan com Sarah Biancolini, com quem tem Sophia, de 4, e Bernardo, 2 -, os irmãos só lamentam ficar tanto tempo longe da família por causa da agenda de shows. “Quando saio de casa, na maioria das vezes, o Davi pede para eu não ir para o show. Me abraça e fala: ‘Não vai’. É a hora que dá vontade de não ir mesmo. Essa parte pesa, mas ele já entende”, explica Matheus, sendo complementado por Kauan: “Eu também sinto muita saudade. Não é fácil!”.
Como foi cantar no BR Day New York?
MATHEUS: Subi no palco tremendo porque cantar fora do país é uma responsabilidade tão grande! Ser escolhido entre tantos artistas gigantes e talentosos é realmente muito gratificante, então passou um filme na minha cabeça. E me deu uma tremedeira (risos). Fazia tempo que não ficava tão nervoso antes de subir ao palco. Tanto é, que a voz embargou na primeira parte da música, não saiu nada, mas depois normalizou. Fiquei muito emocionado porque sempre via na televisão. Muitos artistas amigos nossos já vieram e sempre comentavam. Foi um momento muito marcante!
KAUAN: Ficamos surpresos quando subimos e o público cantou todas as músicas. Foi emocionante cantar para os brasileiros que vieram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor para eles e suas famílias. Tem gente que está longe da família há anos, então trazer um pouco da energia do Brasil para cá e cantar foi demais. Para mim – que morei aqui há um tempo e cantei em barzinho brasileiro para 20 pessoas – voltar hoje e cantar para mais de um milhão e meio de pessoas foi surreal.