A polêmica de atribuições no mercado de trabalho envolvendo os profissionais de oftalmologistas e os de optometria foi discutida hoje (21) em Audiência Pública, na Assembléia Legislativa. O embate entre as duas categorias vem sendo travado há três anos no estado.
Para tentar minimizar esse embate e esclarecer as dúvidas quanto as atividades dos dois segmentos profissionais em Mato Grosso, o deputado Sérgio Ricardo (PPS), colocou frente a frente os oftalmologistas e os optometristas.
Segundo o parlamentar, a discussão é muito importante e imprescindível porque as duas categorias estão em conflito em relação à competência de atuações dos trabalhos voltados a saúde da visão da população mato-grossense.
”É apenas o início das discussões. A sociedade não pode ficar aléia a esse debate e restrito apenas às classes profissionais. É preciso que a população expresse sua preocupação, quanto os argumentos e as regras que regulamentem a profissão. A saúde visual está muito longe da população, muitos não têm acesso a tratamentos”, observou Sérgio Ricardo.
Segundo a presidente da Associação Mato-grossense de Oftalmologia, Maria Regina Ângelo Marques, é importante que as pessoas com problemas de saúde na visão sejam consultadas por profissionais habilitados. Para Maria Regina, os oftalmologistas estão aptos a realizar diagnósticos de doenças consideradas sistêmicas.
“A formação médica é necessária porque nos capacitam para diagnosticar doenças de forma precoce, porque o olho não é isolado, ele faz parte de todo nosso corpo”, destacou Maria Regina Marques.
Em todo o Mato Grosso, segundo a presidente, a demanda em busca de atendimento oftalmológico vem crescendo e por isso é preciso fazer uma reestruturação da política de saúde pública pelo estado.
“Precisamos de mais profissionais atuando na saúde estadual. Temos apenas a parte técnica, já a outra parte depende do governo. A categoria está pronta para trabalhar e o Conselho de Brasileiro de Oftalmologia está buscando credenciar os profissionais de forma universal através do Sistema Único de Saúde, mas não estamos conseguindo”, disse.
Mato Grosso conta hoje com cerca de 100 oftalmologistas para atender uma população de quase três milhões de pessoas. Já em todo o país existem pelo menos 12 mil profissionais. As pessoas portadoras com algum tipo de prejuízo na visão chegam a quatro milhões. O mercado de trabalho em todo o Brasil absorve todos os anos algo em torno de 800 profissionais.
Na outra ponta da discussão estão os profissionais da optometria. Eles querem a regularização da profissão em todo o país. Mostrando dados que divergem aos apresentados pelos oftalmologistas, os optométricos acreditam que os oito mil oftalmologistas brasileiros não dão conta de atender a demanda, em relação a consultas voltadas à visão.
De acordo com o presidente do Conselho Regional Ótico e de Optometria de Mato Grosso, Paulosalem Pereira, é preciso regulamentar a profissão para acabar de vez com as liminares que os proíbem de realizar consultas e receitas de óculos para a população.
“A optometria vem ganhando todas as limares na justiça. A Justiça entende que o profissional tem o diploma de nível superior reconhecido pelo MEC e por isso está apto para atuar no mercado de trabalho”, destacou.
Segundo Pereira, a optometria existe na Lei, mas não é regulamentada. Para ele, o problema é mais mercadológico que o de saúde pública. “Não se pode falar em saúde pública com a quantidade mínima de oftalmologistas atuando no mercado. Por isso também a categoria busca a regulamentação da profissão. A população clama por esses profissionais”, disse.