O ministro da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da União (CGU), Torquato Jardim, escalado pelo Governo Federal para participar do Dia D de combate ao Aedes aegypti em Mato Grosso, esteve ontem (2) na Escola Municipal Professora Elza Luiza Esteves, no bairro Canjica, em Cuiabá. Ele reforçou a necessidade da participação da sociedade na luta contra o mosquito transmissor da dengue, vírus zika e febre chikungunya. “Aqui em Mato Grosso de 2014 para 2015 aumentou em 627% a incidência de dengue, isso demonstra uma falta de atenção por parte de todos, tanto do poder público quanto da população”, disse Jardim. “Precisa-se de dedicação do governo federal, estadual, municipal e da sociedade civil. Todos devem estar igualmente engajados em uma rotina o ano inteiro, para que se quebre o ciclo da procriação”.
Cuiabá é a única capital brasileira a figurar na lista de municípios com risco de surto de dengue, segundo Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2016, realizado pelo Ministério da Saúde, em conjunto com os municípios. Durante a atividade do dia “D” o ministro Jardim entregou um veículo à prefeitura de Cuiabá para auxiliar nas ações de promoção a saúde. Neste ano, Cuiabá realizou quatro levantamentos e os resultados demonstram que 60,6% das larvas encontradas estavam em depósitos no baixo (reservatórios de água), 25,7% no lixo domiciliar (garrafas, tampinhas e outros, nos quintais das residências) e 4,8% nos pneus. No município, os índices demonstram uma situação de “alto risco”. Apesar disto, o prefeito Mauro Mendes rebate os dados. “Cuiabá tem um LIRAa alto porque somos rigorosos na pesquisa, tem cidades com o índice baixinho e tem alto índice de infestação, como explica isso?”, questiona. “Temos capitais brasileiras que historicamente têm um LIRAa baixo e alto índice de incidência de dengue. Em Cuiabá não manipulamos dados, não se admite esse tipo de interferência”, justifica.
Segundo dados divulgados pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), até 16 de novembro deste ano, foram notificados 1692 casos da doença na Capital. O prefeito avalia que a coleta de lixo na Capital funciona muito bem e lembrou que o ministro “puxou a orelha” da população. “Uma pequena parcela da população é irresponsável, joga o lixo em qualquer lugar, joga latinha de cerveja na rua, joga o lixo em terrenos baldios, todos os meses centenas de caminhões de coleta tentam reparar este dano”, reclama. “Enquanto as pessoas não tiverem consciência de que estão provocando um mal à saúde pública, a seus filhos, família e amigos, isso não vai mudar. Para termos uma cidade melhor precisamos de cidadãos melhores, que cumpram o seu papel ajudando a cuidar da nossa cidade”.
De todos os casos notificados no CIEVS, 1.199 casos foram confirmados para a dengue; 342 casos de zika em grávidas moradoras da capital; 33 em não moradoras; 3.021 em relação às demais pessoas residentes e 321 em não residentes. O aluno do 4º ano da escola Elza Luiza Esteves, Jean Carlos Peralta, de 9 anos, conta que nunca teve dengue. Mas que o avó dele ficou doente ano passado. “Ele reclamava muito de dor no corpo e dor nos olhos”, lembra. “Aprendi na escola que temos que fazer o possível para não criar o mosquito. Em casa sempre que vejo água no pratinho da planta eu jogo fora, aviso meu tio que a tampa da caixa d’água está aberta”, conta.
ESTADO – Além da Capital, o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2016, divulgado esta semana pela Secretaria de Estado de Saúde, aponta que oito cidades mato-grossenses encontram-se em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika. Outras 45 estão em alerta. Entretanto, o número pode ser ainda maior, já que cerca de 30% dos municípios não enviaram os dados. Em todo o país, LIRAa aponta 855 cidades em situação de risco.
De acordo com o secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso, João Batista Pereira da Silva, o levantamento é fundamental para orientar as ações de controle das três doenças. “No ano de 2015/2016, tivemos 27 mil casos de dengue e 24 mil casos de zika, e 1400 de chikungunya. Ainda tiveram dois casos confirmados de microcefalia. Estas doenças provam que o Aedes aegypti é nefasto. Pedimos apoio da população, porque só os agentes de endemias dos municípios e vigilantes não têm condições de fazer esse trabalho sozinhos. Temos a parceria do Exército brasileiro, da Defesa Civil, mas é imprescindível que cada cidadão faça o trabalho de vistoria no seu lar”, solicita. “Assim como está sendo feito esta campanha pelo Ministério da Saúde, estamos trabalhando junto com os municípios pedindo que todas as sextas-feiras a população faça uma revisão nos seus quintais para detectar criadouros e combater efetivamente o mosquito Aedes”.
O secretário recebeu do ministro Jardim veículos para os municípios de Rondonópolis, Várzea Grande e Sinop.