A Secretaria de Estado de Saúde (SES) iniciou, este mês, a quarta etapa da pesquisa “dinâmica populacional de roedores silvestres e o grau de infecção por hantavírus na microrregião do Médio Norte de Mato Grosso”. A pesquisa está sendo desenvolvida em Campo Novo do Parecis e conta com técnicos da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (MS), da Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Paraná (SES/PR) e do laboratório Evandro Chagas, do Pará.
O técnico da Vigilância Epidemiológica, para a área da Hantavirose, Aparecido Alberto Rodrigues Marques informou resultados preliminares da pesquisa. Ele citou a descoberta de dois vírus circulantes em Mato Grosso, e que podem causar a hantavirose: Laguna Negra, que tem como hospedeiro o roedor Calomys Callosus, e o Castelo dos Sonhos, que já tinha sido encontrado no Pará, mas sem conhecer o hospedeiro. A pesquisa descobriu que, em Mato Grosso, o roedor Oligoryzomys moojeni hospeda o vírus Castelo dos Sonhos. (Aparecido Alberto disse que, geralmente, se dá ao vírus o nome do local onde foi encontrado.)
O técnico anunciou que Mato Grosso pode vir a sediar a realização do 2º Workshop Internacional de Hantavírose, em Julho de 2008. “O secretário Augustinho Moro aprovou a sugestão para que o Estado sedie o evento e levou o projeto ao Ministério de Saúde para a viabilização dos trabalhos”, disse.
Hoje, Aparecido Alberto estará no município de Campos de Julio, onde foram notificados 3 casos suspeitos de Hantavirose de 2008. Um desses casos evoluiu para óbito, e os outros dois estão internados em Cuiabá. O técnico da SES vai realizar investigação de casos no município e proferir palestras para profissionais de Saúde e produtores rurais atualizando conhecimentos sobre a Hantavirose.
Em Marcelândia foram notificados, também neste início de 2008, três casos de hantavirose que eram assintomáticos, ou seja, a doença não evoluiu e os casos estão sendo monitorados. Neste município está sendo realizada a investigação sorológica dos comunicantes, isto é, todas as pessoas que tiveram contanto com os doentes passaram por coleta de material sorológico que é analisado em laboratório de referência.
Mato Grosso fechou 2007 com 25 casos de hantavirose confirmados. Desse número 16 casos evoluíram para a cura, elevando o percentual de cura para 64%, e 09 casos evoluíram para óbito, o que reduziu a taxa de letalidade para 36%, abaixo da média nacional que fica, geralmente, em 38%.
Em 2006 foram confirmados 49 casos, sendo que 29 casos evoluíram para cura, alcançando um percentual de 59,18%, e 20 casos evoluíram para óbito, fixando a taxa de letalidade em 40.81%.
Para Aparecido Alberto a elevação do percentual de cura, de 2006 para 2007, e a queda na taxa de letalidade no mesmo período, se deve ao bom trabalho executado pela Secretaria de Estado de Saúde.
“A Vigilância Epidemiológica investiu, durante 2007, na busca e investigação de casos suspeitos, na captura de roedores silvestres, e orientações sobre a doença. Um exemplo disso foram as capacitações em tratamento e diagnóstico e Vigilância em Saúde da Hantavirose que contou com a presença de aproximadamente 100 profissionais de Saúde , dentre médicos , enfermeiros e outros com informações atualizadas sobre a doença”, comentou o técnico.
A hantavirose é uma doença transmitida ao homem pelo rato silvestre através das fezes e,principalmente, a urina. O Estado está desenvolvendo ações de saúde para baixar a letalidade da doença para menos de 30% até 2011.
A rapidez da resposta na busca de melhores índices de cura e letalidade levou o Estado de Mato Grosso a ocupar um lugar de destaque no cenário nacional, já que está em 4º lugar no ranking de Estados com maior ocorrência de casos de Hantavirose. Entre eles estão Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Embora seja uma doença altamente perigosa e de alta letalidade, os sintomas são parecidos com gripes muito fortes. Quando no inicio dos sintomas o paciente, ao procurar uma assistência medica, deverá informar ao profissional médico que mora em área rural e que teve contatos com as excretas dos ratos silvestre (fezes e urina). Com essa informação o profissional médico fará uma avaliação e um diagnóstico precoce para, em seguida, pedir um hemograma completo e Raios-X de Tórax. Dependendo dos resultados irá providenciar imediamente a sua internação num hospital que tenha suporte (UTI), já que a doença não tem tratamento especifico.
Apenas o rato silvestre é portador do hantavírus. O rato da cidade, mais conhecido como camundongo e rato de esgoto, não transmite a doença. Para que outros roedores (ratos silvestres ) se tornem transmissores da doença é preciso que tenham contato , com outros ratos silvestres e que os mesmos tenham entrado em confronto entre si para definir o seu território, e suas colônias ,geralmente os derrotados, que são os mais fracos , saem desse convívio para criar novas colônias de roedores .
Caso seja encontrado um ambiente rural (silo, depósito, paiol ou propriedades fechadas há muito tempo) com excrementos de ratos silvestres ( fezes e urina), existem medidas que podem ser tomadas para que as pessoas não se infectem pelo vírus. A primeira delas é ventilar o ambiente, abrindo portas e janelas, por pelo menos duas horas. Depois todo o piso do local deve ser molhado com detergente, hipoclorito de Sódio ou água sanitária. Isto tem que ser feito com cuidado, sem levantar qualquer poeira.
A próxima medida é preparar uma quantidade de água sanitária, diluída na proporção de 10%, ou seja, 9 litros de água para um litro de água sanitária, suficiente para descontaminar o ambiente. Para proteção individual deve-se usar uma máscara apropriada (PF-F3). Todas as vezes que uma pessoa for manipular algum roedor, seja silvestre ou doméstico, recomenda-se usar mascaras e luvas.