A Secretaria de Estado de Saúde (Ses) continua trabalhando no mapeamento e controle das manifestações das meningites no Estado. De acordo com dados parciais da Ses ocorreram, entre janeiro e julho deste ano, 113 casos, com 3 óbitos, sendo um deles causado por meningite meningocócica, um por meningite pneumocócica e um por meningite por Haemophilus influenzae tipo b (viral).
“Esses casos estão dentro do número esperado uma vez que ocorreram em diversos pontos do Estado e não representam nenhum aumento incomum da meningite. Não obstante, o Estado continua monitorando a doença aplicando medidas de controle e divulgando,junto à população, métodos de prevenção”, disse Sandra Moreira Monteiro, médica da Vigilância Epidemiológica.
Ela explicou que a meningite é uma doença causada por uma inflamação das meninges, tecido que envolve o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por bactérias, por vírus, por fungos e por doenças como a tuberculose e geralmente são transmitidas por gotículas, secreções nasais e orais A doença tem vários tipos de manifestação, alguns mais graves, como as bacterianas meningocócicas, pneumocócicas e por Haemophilus, e outros menos graves, como a viral.
Os principais sintomas, em crianças maiores de um ano, são febre alta, vômitos em jato, dor de cabeça intensa, rigidez de nuca, prostração, convulsões e manifestações hemorrágicas subcutâneas (sangramento debaixo da pele). Esses devem ser observados todos, ou quase todos, ao mesmo tempo. Em crianças com menos de um ano devem ser observados febre alta, irritabilidade intensa e o abaulamento da fontanela (“moleira” alta). A recomendação é que, sempre que sejam identificados esses sintomas, seja procurada uma Unidade de Saúde mais próxima da moradia do doente que o encaminhará para os hospitais de referencia no tratamento da infecção.
Uma das medidas de prevenção mais recomendada aos pais é a manutenção do calendário de vacinação das crianças atualizado. “A vacina BCG protege as crianças da meningite provocada pela tuberculose, a vacina tetravalente evita que tenham meningites por Haemophilus e a vacina triplice viral evita que contraiam alguns tipos de meningites virais”, explicou a médica.
Para crianças mais velhas e os adultos os métodos de prevenção incluem evitar aglomerações, manter as casas e outros locais freqüentados (escolas, cheches, salas de reuniões, dentre outros) sempre bem ventilados e ensolarados e manter medidas de higiene pessoal (lavando constantemente as mãos, especialmente ao usar o banheiro e antes de se alimentar) e higiene do lar.
As meningites por Haemophilus do tipo b podem ser prevenidas, ainda, por meio de vacina (aos 2,4 e 6 meses de idade), que está disponível na rede pública de saúde. As meningites meningocócicas podem ser causadas por varios sorogrupos dessas bactérias (A, B, C, Y e W135), sendo que nem todos os sorogrupos possuem vacinas eficazes e/ou resultam em um período de imunidade muito curto, assim essas vacinas só são indicadas em casos de surtos no qual seja conhecido o sorogrupo responsável e exista vacina eficaz disponível.
Nos casos de ocorrência de meningite do tipo viral, as ações de combate não incluem as medidas de bloqueio, como a quimioprofilaxia. Que é utilizada apenas nos casos das meningites meningocócias e por Haemophilus. As medidas para essas meningites incluem também a administração de antibióticos específico para contatos íntimos do doente, quer ele tenha vindo a óbito quer não. Contatos íntimos, nesses casos, se referem a pessoas que moram na mesma casa, ou que durmam no mesmo dormitório (como acontece em creches), convivam na mesma sala e durante o mesmo período de tempo (como acontece nas escolas).
“Esses cuidados são recomendados devido ao fato de que as meningites meningocócias e Haemophilus podem ser transmitidas por gotículas, secreções nasais e orais. Em geral as meningites virais não estão associadas a complicações, a não ser que o individuo seja portador de alguma imunodeficiência”, acrescentou a médica Sandra Monteiro. Explicando ainda que “casos de meningites podem ocorrer durante todo o ano. A ocorrência das meningites bacterianas podem aumentar durante o inverno, quando as pessoas gostam de ficar aglomeradas. Já as meningites virais geralmente acontecem mais no verão, mas de um modo geral a doença ocorre durante todo o ano”.