Os números da Aids continuam alarmantes em Mato Grosso. No ano passado, foram notificados 572 novos casos, o que resulta na média de um caso por dia e uma queda de 26% em relação a 2014, quando foram registradas 774 novas ocorrências, de acordo com os dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Este ano, até o mês de abril, foram 49 notificações. Com relação aos portadores do HIV, o vírus causador da Aids, as taxas também chamam a atenção dos médicos. Em 2015, os números foram os maiores desde 2013 e fecharam em 530 casos. Este ano, também até abril, 70.
A infectologista Zamara Brandão Ribeiro explica que HIV é o vírus que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. A médica ressalta que ter o vírus não significa ter Aids, pois muitos soropositivos podem viver sem manifestar a doença. “Contudo, é preciso se proteger em todas as relações sexuais para evitar que outras pessoas sejam contaminadas”, destaca.
Justamente essa falta de cuidado nas relações íntimas e a mudança no comportamento da sociedade é que tem afetado no número de casos, conforme avalia a infectologista. Diante disso, Brandão aponta ainda que os profissionais estão preocupados com a ocorrência de novos casos de Aids em jovens com idades entre 13 e 23 anos. “Além da mudança comportamental, porque agora existe o ‘ficar’, no qual as pessoas se relacionam com as outras sem o vínculo do namoro, a vida sexual começa mais cedo e houve também a perda do estereótipo do portador da doença”.
Dessa forma, o doente que o jovem conhece, muitas vezes, leva uma vida normal, porém com ressalvas, mas sem perder o aspecto saudável. Por outro lado, os números são reflexos também da nova política de diagnóstico para as doenças sexualmente transmissíveis. Atualmente, é possível realizar os testes rápidos para identificar não só a Aids, mas também sífilis e hepatites, e de forma gratuita. “Além disso, os médicos hoje também têm mais facilidade em pedir os exames junto com os de rotina”.
Com o diagnóstico precoce fica mais fácil também iniciar o tratamento com a medicação indicada. Brandão cita que o tratamento após os resultados positivos são totalmente gratuitos e oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, será realizado até o fim da vida. A médica alerta que, após ser iniciado o tratamento, não deve ser interrompido porque o vírus pode adquirir uma resistência ao medicamento e, então, se tornar de mais difícil combate.