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Tempo de compaixão e de solidariedade

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Estamos  em pleno período das comemorações natalinas, quando as pessoas, as famílias procuram  estar mais juntas, em clima de confraternização, de amor, de união. Todavia, não podemos nos esquecer de que esses  festejos fazem parte das tradições do cristianismo e estão diretamente relacionados  com o nascimento de Cristo, filho de Deus e, como tal, nosso irmão maior, nossa fonte  de inspiração e de vida.

Aos poucos o verdadeiro sentido do natal, que é a celebração do amor de Deus e sua dimensão  transcendental foi e continua sendo cada vez mais susbstituido pelo materialismo, pelo consumismo, pelo disperdício  e outras formas muito próximas do paganismo, enfim, um espírito de luxúria e alienação, esquecendo a realidade que atormenta milhões de pessoas em cada país, inclusive o nosso, e bilhões de excluidos ao redor do mundo.
Quando estamos em volta de uma mesa farta nesta ceia de natal, não podemos esquecer que neste mesmo momento milhões de pessoas não tem nada para comer e saciar sua fome constante; enquanto estamos nos confraternizando, trocando presentes, precisamos lembrar que  milhões de pesoas estão sofrendo dores horriveis em leitos hospitalares, muitas das quais sem receber sequer a visita de um parente , amigo ou amiga; enquanto estamos alegres e felizes  nesta noite de natal, milhões de pessoas  estão encarceradas, pouco importa de justa ou injustamente, estão isoladas, tristes, infelizes.

Enquanto comemoramos o natal, só no Brasil mais de 12 milhões de famílias convivem  com o fantasma do desemprego e mais de 15 milhões  com o subemprego e além de não disporem de recursos para comprar alimentos e atenderem outras necessidades básicas, não tem nem mesmo a esperança de que seu amanhã  será  um novo dia, melhor e com mais dignidade.

De forma semelhante, enquanto comemoramos o natal as guerras e conflitos violentos ao redor do mundo e a violência, urbana, rural, doméstica nao dão trégua e provocam o medo, a dor, o sofrimento e a morte de dezenas de milhares de vítimas inocentes, principalmente crianças e idosos que não conseguem vive rem paz. Afinal, a mensagem central da vida, morte e ressureição de Cristo, centro das comemorações e dos festejos natalinos, foi e continua sendo a paz, o amor, a compaixão ,a solidariedade e a misericórdia.

Oxalá,  este natal possa ser  realmente um tempo de renascimento dos cristãos, para que cultivemos o seu verdadeiro sentido e assim, possamos transformar o mundo e sermos dignos da mensagem de quem é e deve ser o centro de nossa fé  e nosso compromisso de seguir os ensinamentos daquele que se despojou da riqueza, da luxúria, do supérfluo, do descartável, do egoismo, da insensibilidade ante os dramas que afetam tanto as pessoas individualmente quanto a humanidade em geral.

O natal é tempo de comemorarmos não a figura do papai noel, mas sim o nascimento, a vida, a morte , a ressurreição e os ensinamentos de Cristo, o Deus que se fez homem, habitou entre nós e deu uma demonstração de que somos irmãos e irmãs  e parte de uma mesma família, onde o verdadeiro amor, a compaixão, a misericórdia e a solidariedade são os alicerces, a base de nossa convivência. O verdadeiro espírito natalino deve ser uma constante em nossas vidas , não apenas em um dia, uma noite ou algumas horas de festança, mas ao longo dos 365  dias do ano.

Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT,  mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs  e outros veículos de comunicação
[email protected] 
www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy

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