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Zuleido diz que “é mais fácil” conseguir verbas através de Pedro Henry

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Em conversa telefônica gravada pela Polícia Federal, Zuleido Soares Veras, dono da Gautama, afirma que “é mais fácil conseguir recursos” com o deputado Pedro Henry (PP-MT), acusado e absolvido de ser mensaleiro e sanguessuga. Os recursos eram para “um novo projeto” em Sinop.

A conversa foi captada em 23 de março. Quatro dias antes, Zuleido assinara com o prefeito de Sinop, Nilson Leitão (PSDB), um contrato de R$ 48 milhões para rede de esgoto local. A PF diz que Zuleido pagou R$ 200 mil de propina a Leitão para obter a obra. Leitão nega.

Leitão disse à Folha que procurou Henry para que o deputado pressionasse pela obtenção de R$ 62 milhões do PAC destinados a uma segunda etapa de obras de esgoto. “Neste mundo de denúncias que a gente está vivendo, de mensalão, de sanguessugas, temos que a apreender a separar quem tem acesso [aos ministérios]”, disse Leitão. Ele afirma não temer envolvimento em novo escândalo: “Henry é do PP, que tem o Ministério das Cidades. Ele foi advogar para mim porque não tenho condições de chegar ao Planalto. A gente usa a arma que tem”.

Quando citou Henry, Zuleido conversava com Jair Pessine, ex-secretário de Leitão e que presidiu a comissão de licitação –da qual saiu vitoriosa a Gautama– para fazer esgoto em Sinop. Segundo a PF, Pessine recebeu a propina para o prefeito. O advogado Cláudio Alves Pereira, defensor de Pessine, diz que não houve pagamento. Segundo ele, a polícia não investigou direito.

Diz o relatório da PF sobre a escuta: “Zuleido fala que está ótimo, diz que o prefeito falou com ele para pensarem em um novo projeto. Pergunta como Jair vê essa possibilidade. Jair diz que está vendo bem, com grande otimismo, […] fala que esteve com ele [Leitão] no Pedro Henry e vê isso com grandes possibilidades. Zuleido diz que com Pedro Henry é mais fácil conseguir recursos”.

Leitão diz que só falou com Zuleido três vezes, uma delas em Brasília no dia 21 de março, para tratar apenas do contrato assinado no dia 19.

O financiamento da primeira fase da obra de esgoto, no valor de R$ 38,2 milhões, foi suspenso pelo BNDES após a Operação Navalha, que prendeu Leitão e Zuleido. O dinheiro não chegou a ser liberado.

Procurado pela reportagem, Pedro Henry não telefonou de volta. Sua assessoria informou não ter conhecimento sobre as supostas relações com Zuleido.

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