Lideranças indígenas do Xingú que participaram, sábado, da audiência do Zoneamento Socioeconômico Ecológico de Mato Grosso, em Sinop, reclamaram da pouca abertura dada à população de índios. Kamirrãn Waurá disse que a contaminação dos rios, da vegetação tem afetado a saúde dos moradores do parque. “Temos que ser consultados para relatar a nossa preocupação. Se deixarmos nas mãos dos fazendeiros eles não colaborarão conosco. Esta é a nossa maior preocupação. Não estão respeitando a lei”, declarou, em entrevista a Só Notícias.
Kanawayuri Marcello Kamaiura reclamou da falta de informação sobre a realidade indígena. “Na forma de tratamento na zona 2 estão dizendo que não temos nada a ver com esta região. Será que no mapa não dá para ver as nascentes do Xingú? “, questionou. “Já estamos sofrendo. Não somos contra [o zoneamento] mas que construam uma política dentro da realidade. É preciso olhar primeiro para a garantia da vida, tratar os rios, o meio ambiente. Não está sendo feito assim”, taxou o representante.
A comissão especial de zoneamento comprometeu-se a realizar uma audiência exclusiva no parque indígena. A data ainda será acertada. A declaração do presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, sobre áreas indígenas no Estado foi questionada pelos indígenas presentes no encontro. Riva, por sua vez, justifica que houve uma falha de interpretação. “Jamais iria defender redução de áreas indígenas. Sou totalmente contra e a favor da demarcação. Sou contra criar reserva de índios onde não há índios”, declarou. O parlamentar, por outro lado, argumenta ainda estar havendo um processo democrático e que não há pouca abertura para as diferentes etnias. “Isto não é procedente. Se quiserem falar todos os índios iremos ouvir”, ponderou.
A audiência do zoneamento em Sinop durou quase cinco horas. Juína, dias 18, 19 e 20, e Cuiabá, dias 24, 25 e 26 deste mês recebem mais a próxima rodada de seminários técnicos e audiências públicas.
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