O primeiro secretário da Câmara Municipal de Lucas do Rio Verde, Raimundo Dantas (PFL) e o segundo secretário Carlos Girotto (PPS) acionaram o Ministério Público para fiscalizarem as contas da própria câmara. Ambos os vereadores, que inclusive fazem parte da mesa diretora, acusam a presidente Marli Ventura (PPS) de não prestar informações sobre determinados gastos do Legislativo. Os vereadores reuniram-se, ontem, com a promotora Patricia Eleotério de Campos onde solicitaram a intervenção do MP.
A promotoria deve, esta semana, analisar o requerimento para que o MP notifique a presidente da câmara, Marli Ventura, para prestar as informações solicitadas.
“Em 13 anos como vereador em Lucas esta é a primeira vez que temos que recorrer ao Ministério Público para termos acesso a informações, gastos, despesas efetuadas pela mesa diretora. É uma total falta de transparência”, criticou o vereador Carlos Girotto.
“Mandei ofícios, há alguns meses, para a presidente Marli e para o vice-presidente, Nestor Albrecht (quando a presidente estava de viagem) solicitando esclarecimentos sobre gastos autorizados pela presidência, mas não nos foi informado. Não consigo compreender por que simplesmente não prestam as informações solicitadas”, acrescentou Girotto. “Balancente é balancete. Queremos ver os documentos correspondentes aos gastos. Aleatoriamente, escolhemos para fiscalizar cinco cheques para nos certificarmos se os valores emitidos correspondem realmente aos gastos efetuados e esperamos agora, com apoio do Ministério Público, termos condições de exercer o papel do vereadores que é de fiscalizar não apenas o Executivo mas também o Legislativo”, afirmou o vereador, que foi presidente da câmara.
Girotto criticou a forma com que Marli Ventura vem presidindo o Legislativo. “Ela assumiu, ano passado, e seu primeiro ato foi nomear sua nora para um cargo com um dos melhores salários. Logo depois, tirou o poder do vereador primeiro secretário (Raimundo Dantas) assinar os cheques, como era feito nos mandatos passados. É a presidente e o tesoureiro, funcionário da casa, que assinam os cheques. Isso, de certa forma, também dificulta a fiscalização dos próprios gastos da mesa diretora”, atacou Girotto.
O relacionamento da presidente Marli Ventura com grande parte dos vereadores não é dos melhores desde os primeiros meses de 2005 quando assumiu a presidência. O vereador Elder Biazus renunciou, ano passado, a segunda secretária, discordando da forma com que Marli vinha presidindo a casa. No final do ano passado, a presidência cometeu um erro primário e grotesco: as contas da prefeitura, relativas ao ano de 2004, após serem avaliadas pelo TCE não foram colocadas em votação dentro do prazo correto no Legislativo. A falha causou vários transtornos e acabou sendo votada posteriormente. Ainda no final de 2005, Marli Ventura recebeu um sinal claro que anda desagradando a maioria. 8 vereadores manifestaram-se favoráveis à redução de mandato na mesa diretora da Câmara de Lucas do Rio Verde de dois para um ano.
Agora, deve passar por mais um desgaste político ao ver dois vereadores -que fazem parte da mesa diretora- tendo que recorrer ao MP para terem acesso a informações sobre a movimentação financeira.
Outro lado
A presidente Marli Ventura disse, ao Só Notícias, que não existe falta de transparência em sua gestão. “Todos os documentos foram entregues na promotoria. O que eles estão fazendo é única e exclusivamente politicagem”, rebateu a presidente.
Ela confirmou ter recebido ofícios solicitando com informações sobre alguns cheques emitidos pelo Legislativo. “As informações estão na câmara. Eles (Raimundo e Girotto) foram ao banco pedir a micro filmagem dos cheques e eu não autorizei a liberação”, confirmou, sem explicar porque.
Quanto ao fato do vereador Raimundo Dantas (PFL), primeiro secretário, ter sido excluído da assinatura dos cheques, a presidente explicou que está “cumprindo o regimento interno e o quadro de cargos e salários da câmara que prevê as assinaturas dos cheques serão feitas pela presidente e o contador, que respondem por quaisquer atos no Tribunal de Contas”.
(Atualizada às 13:50hs)