O presidente da República, Michel Temer, prometeu, no final da manhã, em Lucas do Rio Verde, onde lançou a colheita do algodão e inaugurou uma usina de etanol, maior atenção às demandas de Mato Grosso, explanadas, principalmente pelo governador Pedro Taques (PSDB) que pediu prioridade para sair do papel as ferrovias Sinop-Miritituba, conhecida como “Ferrogrão”, e da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), com traçado passando por Lucas do Rio Verde. “Eu estou atento (ao que disse o governador). Vamos levar adiante estes planos. Mas vou além e digo que, mais para frente, vamos conceder estes serviços para a iniciativa privada”, afirmou Michel Temer. A Ferrogrão será construída por algumas multinacionais do agronegócio em parceria com o governo para escoamento da safra do Nortão e Médio Norte via porto paraense. A Ferrovia Centro-Oeste, que deve 'cortar' mais de 10 municípios mato-grossenses é dividida em vários trechos e ainda são esperadas conclusões dos processos burocráticos, como licenças e projetos.
Temer discursou por cerca de 20 minutos, na sede da usina que passa a produzir etanol a base de milho e enalteceu o avanço na economia e as reformas que seu governo tem feito, desde que assumiu, ano passado. Ele ressaltou, por algumas vezes, que teve “coragem” para encarar as reformas, que, segundo ele, o Brasil necessitava. “Estou sendo mais do que corajoso. Eu estou sendo ousado. Apanhamos o país em uma das piores recessões da história. O primeiro passo foi combater a recessão e caminhar para o desenvolvimento. Eu tenho a honra de ser presidente. Não pelo cargo, mas sim pelo conseguimos fazer nestes 15 meses”. Temer citou dados econômicos para ressaltar que o Brasil retomou o crescimento. “Apanhamos o país com uma inflação acima de 10%. Trouxemos para abaixo de 2.7%. A taxa Selic trouxemos para 1 dígito. Hoje está perto de 9%. Até o final do ano devemos estar em 7%. É um trabalho que vem sendo feito paulatinamente. O Risco Brasil estava em mais de 470 pontos negativos e hoje está 195 pontos. Logo vamos reassumir o grau de investimento, que tínhamos no passado”, garantiu.
O presidente também falou sobre a reforma do ensino médio e afirmou que ela detém mais de 90% de aprovação. “Há 20 anos já se falava sobre reforma do ensino médio. Ao longo de 20 anos, o que se falou foi que os alunos do ensino básico não sabiam falar português, não sabiam multiplicar e não sabiam dividir. Quando o ministro me trouxe a possibilidade de reforma, eu disse para fazermos por meio de medida provisória. Mandei que pegasse os principais tópicos que estavam nas propostas da Câmara e Senado e reunisse-os na medida. Fizemos a reforma. Houve protesto na época. Hoje, pode se fazer pesquisa com os setores educacionais do Brasil e será constatado apoio de 95%”, declarou.
Temer também falou para lideranças do agronegócio e políticas sobre a reforma trabalhista, aprovada recentemente no Congresso e sancionada por ele. “A modernização das relações trabalhistas garante o direito dos empregados. A flexibilização que ela dá combate o desemprego. Nestes últimos quatro meses os índices de emprego são positivos: mais de 103 mil vagas abertas. Indica a tendência crescente de combate ao desemprego no nosso país”. Por fim, o presidente ainda exaltou a iniciativa de implantação da primeira usina de etanol do país, que terá capacidade inicial para absorver 600 mil toneladas de milho. “Esta iniciativa está de acordo com o que firmamos na Conferência de Paris. Então, se, de um lado, tem um sentido empresarial, de outro, atende à preservação do meio ambiente. Temos consciência disso. Por isso estamos chamando atenção para este fato. É um empreendimento que tem múltiplas finalidades. Quero dizer que saio daqui muito animado, no sentido da própria palavra. Com a alma incendiada com o exemplo de Lucas do Rio Verde”.
A usina de etanol, a base de milho, foi construída pela FS, onde foram investidos US$ 115 milhões e é um dos principais empreendimentos do gênero no país, que produzirá anualmente aproximadamente 210 milhões de litros de etanol, 180 mil toneladas de 3 coprodutos, e 6,2 mil toneladas de óleo de milho, além de exportar 60.000 megawatts de eletricidade.
A safra de algodão de Mato Grosso representa 67% da produção nacional. A produção total no país deve crescer em torno de 1,7% e passar de um milhão e toneladas de pluma.
Conforme Só Notícias já informou, o presidente chegou em Lucas do Rio Verde por volta das 8hs, acompanhado do ministro Blairo Maggi, o senador Jose Medeiros, os deputados Nilson Leitão, Victorio Galli, Adilton Sachetti e do suplente Xuxu Dalmolin. Eles desembarcaram em Sinop, foram recebidos pela prefeita Rosana Martinelli, e seguiram, de helicóptero, a Lucas. A comitiva chegou a Sinop por volta do meio-dia e seguiu, de avião, para Brasília. O governador Pedro Taques, o vice, Carlos Favaro, o ministro argentino Leopoldo Saorea, os governadores Confúcio Moura, de Rondônia, Marcelo Miranda, Tocantins, e o governador em exercício do Amazonas recepcionaram Temer, em Lucas.
O presidente ficou na cabine de uma colheitadeira que fez a colheita simbólica, em uma fazenda, depois andou pela plantação e, em seguida, foi a usina.
Houve protesto dos caminhoneiros e transportadores, esta manhã, em Lucas, no momento em que o presidente visitava o município. Desde a semana passada, eles impedem tráfego de carretas e caminhões carregados para protestar contra o aumento que o governo federal autorizou no Cofins e PIS que encareceram o diesel em R$ 0,46, a gasolina em R$ 0,41 e o etanol em R$ 0,20, o que encareceu o frete em 4% no Estado.
Em Sinop, no aeroporto, não houve manifestos durante a visita do presidente. A polícia fez barreira na via de acesso ao aeroporto.
(fotos: Só Notícias/Diego Oliveira)