O senador Pedro Taques (PDT) disse, ontem, que a proximidade da Copa do Mundo assombra Mato Grosso, porque boa parte das obras prometidas não vai estar pronta para o evento. O parlamentar citou o relatório que o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Mato Grosso (Crea-MT) entregue à Assembleia Legislativa, na semana passada, apontando que a maioria das obras de mobilidade urbana prometidas para a copa possui irregularidades.
De acordo com os engenheiros, as 13 obras vistoriadas têm baixo padrão de acabamento e anomalias estruturais de drenagem, sinalização e acessibilidade, entre outros problemas. “As irregularidades podem ser comprovadas diariamente por quem trafega pelas cidades de Cuiabá e Várzea Grande. São buracos que não acabam mais, obras entregues pela metade ou que já precisam de reparo com menos de um ano de conclusão. Estamos correndo contra o tempo e, infelizmente, aos milhões de reais que iam ser gastos, já estamos acrescentando outros milhões – que poderiam ser investidos em escolas, hospitais e outros serviços básicos que nos faltam”.
O senador observou que desde o primeiro ano de mandato, em 2011, vem trabalhando na linha de defesa por mais transparência, participação de órgãos de fiscalização como o CREA no acompanhamento das obras e rigor no planejamento. A resposta do governo, no entanto, foi sempre de um quadro tranquilizador.
“A menos de quatro meses para o mundial, duas certeza nós já temos: a de que a Arena Pantanal deverá ficar pronta sim, e a de que o famoso VLT [veículo leve sobre trilhos] foi descartado da copa por falta de tempo para conclusão até o evento. O aeroporto, da forma como a obra está sendo conduzida, também não será concluído, segundo o CREA. Tanto que a própria Fifa deixou como prioridade que a Arena Pantanal esteja pronta”, lamentou Pedro Taques, por meio da assessoria.
Para o pedetista, fatores como a falta de responsabilidade técnica na execução das obras e de transparência na prestação de informações junto à sociedade contribuem com a falta de qualidade e com os atrasos. Ele lembrou também que a “fatura” do VLT já está sendo paga, uma vez que a Secretaria de Estado de Fazenda terá que começar a amortizar os juros do empréstimo de R$ 727,9 milhões feito pelo governo junto à Caixa Econômica Federal. O primeiro pagamento será de R$ 13,3 milhões referentes apenas aos juros do empréstimo.
“O que este roteiro nos mostra é que quando a Copa do Mundo acabar, ainda restará muitos buracos, poeira e lama, vindos de obras inacabadas ou que estão sendo finalizadas às pressas”.
Taques reclamou que há quem o acuse de ser pessimista em relação às obras da copa em Cuiabá e dizem que ele não deveria falar desses problemas no Plenário do Senado. O senador observou, no entanto, que fiscalizar a atuação dos governos federal e estadual é parte essencial de sua atividade parlamentar.