O governador Pedro Taques recebeu o ministro das relações exteriores, José Serra, ontem, para debater sobre a integração da América Latina por meio da Hidrovia Paraguai-Paraná, saindo de Cáceres (Rio Paraguai) até o Pacífico. Durante a reunião, foram tratados temas como o incrementos para a segurança da região de fronteira com a Bolívia.
Em um encontro de mais de três horas, realizado na sala de reuniões Garcia Neto, a equipe discutiu sobre a importância de investimentos na hidrovia. As atividades no Porto de Cáceres deverão trazer desenvolvimento direto para 10 municípios das regiões sudoeste e oeste de Mato Grosso.
O governador Pedro Taques destacou a importância da hidrovia na história do desenvolvimento de Mato Grosso, e o atual momento do comércio. “A nossa história e o nosso desenvolvimento nascem através da navegação. No passado, esta hidrovia já foi motivo para guerra, em 1864, na guerra do Paraguai. Esta hidrovia, que já foi sinônimo de disputa, hoje pode ser de paz, pois como diz o Papa Francisco: O desenvolvimento é sinônimo de paz”.
Conforme o governador, há 26 anos foi assinado o decreto para a criação da Zona de Processamento e Exportação (ZPE) de Cáceres, porém ela saiu do papel somente este ano devido a atuação da atual gestão. “A ZPE já é uma realidade. Mas nós precisamos de logística para que as pessoas venham para cá. De Cuiabá aos portos do Pacífico, é mais perto do que os portos de São Paulo e Paraná”.
Taques afirmou ainda que o desenvolvimento da região Oeste de Mato Grosso, necessariamente, passa pela relação com os países vizinhos e pela melhoria da segurança na região de fronteira. Na última semana, o governador já havia recebido o embaixador da Bolívia para debater a questão.
Um novo encontro para tratar sobre a região deverá ser marcado em Cáceres. “Hoje convidamos o ministro José Serra, mas nós já convidamos o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, o ministro do Desenvolvimento, Marcos Pereira e o ministro da Defesa, Raul Jungmann, para que façamos um grande evento, lá na fronteira, em Cáceres, para discutir segurança, logística, relações exteriores. A saída para Cáceres e região é olhar para oeste, onde temos que fomentar o comércio inter-regional, através da pavimentação de 315 quilômetros de San Matias a San Inácio, passando por San José dos Chiquitos, na Bolívia.
De acordo com o ministro, a hidrovia é uma bandeira para o governo Temer, inclusive através do seu ministério no âmbito do Mercosul. “Nós juntamos forças hoje. Forças do ponto de vista do conhecimento, do aprendizado, político e do trabalho que vamos desenvolver daqui para frente”.
Serra ressaltou o potencial econômico da hidrovia Paraná-Paraguai e o desenvolvimento que ela poderá trazer. Contudo, falou que dos estados que compõe a hidrovia, Mato Grosso é o que precisa de mais investimentos. “O andamento do conjunto da hidrovia vai precisar de investimentos em Mato Grosso mais até do que os outros”.
Segundo Serra, o bom funcionamento da ZPE passa, necessariamente, pela melhoria na hidrovia. “Se é para exportar, temos que ter transporte. Temos que ter hidrovia, temos que ter estrada, como esta que se reivindica com a Bolívia, temos que ter infraestrutura de transporte, isso é paralelo”.
O ministro também falou da importância do combate conjunto ao crime na região de fronteira. “O crime multinacional tem que ser combatido de maneira multinacional também, se não, não vai funcionar. Então, nesta quarta-feira (16.11), teremos uma reunião em Brasília com ministros do Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Chile e Brasil. Também convidei o governador para estar presente, porque ele realmente conhece a situação”.
A reunião com o ministro Serra contou ainda com a participação do senador José Medeiros, o vice-governador Carlos Fávaro, os deputados estaduais, Ezequiel Fonseca, Leonardo Albuquerque, José Domingos, Nininho e Wancley Carvalho; o prefeito de Cáceres, Francis Maris Cruz; o prefeito em exercício de Cuiabá, Aroldo Kuzai, os secretários de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ricardo Tomczyk; Infraestrutura e Logística, Marcelo Duarte; Gabinete de Comunicação, Jean Campos; Casa Militar, Coronel Airton Siqueira; além de produtores dos principais segmentos do estado e também da Argentina.
A Zona de Processamento deve ligar a outros centros produtores e exportadores, com o principal objetivo de promover o desenvolvimento econômico, criando empregos e atraindo investimentos. As obras iniciais da ZPE têm valor previsto de R$ 17 milhões, com recursos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento.
Com uma área total de 239,68 hectares, a ZPE de Cáceres será dividida em cinco módulos. O espaço poderá abrigar até 230 indústrias. A escolha de Cáceres para a construção da zona aduaneira deve-se à localização estratégica, que possibilita o transporte dos produtos via Rio Paraguai-Paraná e Oceano Pacífico, localizado a 1.700 quilômetros de distância do município.