A presidente do Poder Legislativo de Sinop, Sinéia Abreu (PSDB), classificou, hoje de manhã, em entrevista coletiva, como uma “manobra política” a ação dos vereadores Mauro Garcia (PPS) e Valdemar Júnior (PPS), em terem mobilizado estudantes de duas escolas estaduais e irem, ontem à noite, à câmara apoiar manifestações contra o prefeito Nilson Leitão (PSDB). Sinéia acusou os dois de terem organizado a manifestação e afirmou que a atitude dos vereadores foi utilizada como ‘palanque’, já que os alunos teriam sido “retirados de salas de aulas” sob alegação de “assistirem uma palestra”. Mais que a metade dos manifestantes era estudantes.
De acordo com a presidente, uma denúncia foi encaminhada ao Ministério Público e Conselho Tutelar para apurarem a situação. “Hoje de manhã já determinamos ao nosso departamento jurídico que encaminhasse uma queixa crime contra aqueles que mobilizaram alunos das escolas estaduais para que viessem a câmara sob a justificativa de assistir uma palestra”, criticou Sinéia.
A vereadora ainda denunciou que os ônibus teriam sido alugados por intermédio dos assessores do deputado estadual Juarez Costa. “Eles foram trazidos de ônibus contratados por assessores do deputado. Temos isso comprovado. Também pelo suplente de vereador Porcão, que trouxe alunos das escolas São Vicente e Enio Pipino, orientados pelos vereadores que são adversários do prefeito. Fizeram dos alunos ‘massa de manobra’, disse a prersidente. As provas, segundo Sinéia, serão providenciadas e apresentadas.
“Por isso, pedimos para o departamento que denunciasse, pois são menores de idade, retirados das salas. Precisamos que os pais nos ajudem neste momento e cuidem para que seus filhos não sejam utilizados neste tipo de ação”, enfatizou.
Uma queixa também deve ser encaminhada à corregedoria da Câmara de Vereadores que deve analisar se os dois vereadores serão punidos. O corregedor [Francisco Hidalgo (PFL)] verificará quais serão as medidas que poderão ser tomadas contra os vereadores, que, de uma forma muito clara, deixaram sua indignação. O plenário já estava cheio, e estes alunos não puderam estar dentro da câmara, porque já estava lotado”, acrescentou.
Na sessão de ontem, embora não estava na pauta das deliberações, foi discutida no grande expediente a criação de uma CPI para apurar as supostas irregularidades na licitação das obras da rede de esgoto em Sinop, que estão sendo investigadas pelo Superior Tribunal de Justiça. 7 dos 10 vereadores manifestaram-se contrários porque a Justiça está conduzindo a apuração das suspeitas de suposto direcionamento na licitação, vencida pelo consórcio Xingu, integrado pelas empresas Copenge e Gautama, com suposto recebimento de propina pelo ex-secretário Jair Pessine e o prefeito.
O auditório ficou lotado de aliados do prefeito e adversários. Cerca de 200 pessoas ficaram do lado de fora da câmara e, a maioria, protestando. Antes da sessão começar, houve um princípio de tumulto quando alguns estudantes de escolas públicas tentavam entrar. Um aluno atirou ovos em direção da porta, atingindo alguns soldados da PM. Houve princípio de tumulto e um menor acabou sendo pego por soldados, mas liberado em seguida.
Outro lado
O vereador Mauro Garcia (PPS) disse que não está sabendo do assunto. “Se ela denunciar, que prove. Se ela não provar vou pedir a cassação dela por decoro parlamentar. Para fazer uma acusação dessas deve ter indícios muito fortes”, defendeu-se.
O deputado estadual Juarez Costa (PMDB), procurado por Só Notícias, negou que ele e assessores estivessem articulando manifestação contra Leitão. “Sempre lutei de frente. Não me envolvi nisso (manifestações), inclusive ninguém que trabalha comigo. Ela tem que ter responsabilidade no que fala”, defendeu-se. Juarez também afirmou que até agora não fez qualquer pronunciamento sobre a ação da Polícia Federal que resultou na prisão do prefeito. “Tenho família e lamento como a situação ocorreu”, acrescentou.
O vereador Valdemar Júnior (PPS) disse que “em nenhum momento” conversou com ninguém de escola. “Nemo pedi para virem na câmara. Não sei porque ela mencionou o meu nome e por quais motivos. Acredito que a presidente vá a imprensa e fale que não temos envolvimento nesta questão, uma vez que a informação é ventilada sem provas”.
(Atualizada às 17:36hs)
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