O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez um apelo, no final da tarde, em discurso do Senado, para que os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do empresário Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados, que aprovem amanhã a convocação do mato-grossense Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O senador lamentou que, na semana passada, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), e os demais integrantes da comissão tenham passado uma tarde inteira discutindo a reforma do apartamento vendido pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), durante depoimento do arquiteto Alexandre Milhomem, mas não tenham ainda decidido sobre a convocação de Pagot. "A essa altura, não resta à CPI outro caminho senão amanhã fazer a convocação – cobrou Simon, alertando que a não-convocação pode se tornar uma "mancha irreversível" na história política do relator Odair Cunha.
Segundo Simon, o ex-diretor do Dnit já se ofereceu para falar sobre suposta ajuda financeira dada por empresas a partidos políticos. A Assembleia Legislativa de Goiás aprovou sua convocação mas Pagot disse, ao Só Notícias, que ainda não decidiu se falará aos parlamentares goianos. Ele mantém a intenção de falar na CPMI no Congresso.
Outro alerta feito pelo senador foi quanto à imagem do Senado caso Pagot acabe ouvido no Congresso em convocação paralela, proposta por parlamentares de oposição. Para ele, o Senado não terá como explicar porque o ex-diretor falará em outra instância que não a criada especificamente para investigar o esquema de Cachoeira. Simon também cobrou a aprovação da convocação, na reunião da CPI desta terça, do ex-presidente da Construtora Delta, Fernando Cavendish.
"Há momentos em que devemos agir e avançar custe o que custar. Vivemos esse momento aqui nesta casa", afirmou, lamentando ter de fazer seus apelos da tribuna do Plenário, já que não integra a CPI.
Pagot, quando comandou o DNIT, teria contrariado diversos interesses em irregularidades de obras da Delta e não atendido pedidos de Carlinhos Cachoeira. Em gravações feita Polícia Federal, Cachoeira comemorou, em conversa com um amigo, quando Pagot foi exonerado do governo. Para Pagot, Cachoeira estava envolvido na trama para derrubá-lo.