Depois que o ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, foi reinterrogado na primeira ação penal decorrente da operação Sodoma, confirmou a existência de uma quadrilha que cobrava propina de empresários e entregou os comparsas, outros três réus pediram para prestar novos depoimentos. A juíza Selma Rosane Santos Arruda acatou os pedidos e vai reinterrogar o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), seu ex-chefe de gabinete, Sílvio Cézar Corrêa Araújo, e o ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi.
Sílvio será reinterrogado no dia 21 deste mês em audiência a ser realizada às 9h30 na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, localizada no Fórum da capital. Depois, no dia 25, no mesmo horário, será a vez de Marcel de Cursi ficar novamente de frente com a magistrada e prestar novo depoimento sobre os fatos investigados na 1ª fase da Operação Sodoma deflagrada em 15 de setembro de 2015.
Por fim, o ex-governador Silval Barbosa será o último a ser reinterrogado, no dia 4 de novembro, às 9h30. Quando foram foram ouvidos por Selma Rosane, os 3 negaram qualquer participação no esquema de cobrança de propina e pratica de extorsão contra o empresário João Batista Rosa, dono do Grupo Tractor Parts e delator do esquema investigado pela Delegacia Fazendária (Defaz) juntamente com o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira).
Rosa confessou que pagou R$ 2,6 milhões em propina para a organização criminosa para agilizar o enquadramento de suas empresas no Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic). Ele detalhou que desse total pelo menos R$ 2 milhões foram destinados ao pagamento de dívidas de campanha do grupo de político do ex-governador Silval Barbosa.
Inicialmente, Pedro Nadaf também tinha negado fazer parte da organização criminosa. No entanto, depois de ficar preso por quase 11 meses por força de 3 mandados de prisão preventiva e amargar diversas derrotas em todas as instâncias do judiciário brasileiros, Pedro Nadaf decidiu confessar sua participação no esquema.
Em interrogatório realizado no dia 15 de agosto, ele confessou que integrou uma organização criminosa e afirmou que Silval Barbosa era o chefe. Detalhou que partiram de Silval as ordens para que cobrassem propina de empresários que tinham contratos com o governo ou tinham empresas beneficiadas por incentivos fiscais. O objetivo, segundo Nadaf, para levantar dinheiro para a campanha de reeleição de Silval, em 2010 e para pagar outras dívidas políticas.
"Quero pedir desculpa a este juízo, a Mato Grosso e a todo mundo por ter faltado com a verdade. Me desculpe pelos meus atos que pratiquei contra o Estado. Sei que fiz muito erro. Fiz parte de uma organização criminosa que dilapidou, que roubos os cofres públicos de Mato Grosso", disse Pedro Nadaf à ocasião detalhando a participação no esquema cada um dos réus na ação penal.
Com isso, os advogados de Silval, Sílvio e Marcel pleitearam que seus clientes também sejam ouvidos novamente e possam se defender das acusações que Pedro Nadaf lançou contra eles. Ao deferir os pedidos para novos interrogatórios, Selma Rosane ressaltou que faz parte do direito constitucional ao contraditório que deve ser preservado durante todo o processo depois quando o último interrogatório do acusado Pedro Nadaf trouxe referências aos nomes dos réus.
A defesa do ex-governador também pediu uma acareação entre Pedro Nadaf e João Batista Rosa, mas Selma Rosane negou. Para a juíza, “as medidas se apresentam como inócuas”, pois os pretensos acareados foram inquiridos em juízo, respondendo a questionamentos feitos por ela, pelo Ministério Público e pelas defesas dos outros réus. Argumenta que “ao ouvi-los novamente, certamente irão insistir nas mesmas versões que apresentaram”.