O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) está, neste momento, na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, participando da audiência de instrução com a juíza Selma Rosane dos Santos Arruda. O ex-gestor estadual, que está preso há quatro meses e meio no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), deve falar sobre as acusações que pesam contra ele de associação criminosa, concussão e lavagem de dinheiro.
Os ex-secretários de Estado de Fazenda, Marcel Souza de Cursi; de Indústria e Comércio, Pedro Nadaf; o ex-procurador do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o “Chico Lima”; o ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio Cézar Corrêa de Araújo; e a ex-assessora de Nadaf, Karla Cecília de Oliveira Cintra, também deverão depor.
Os advogados de Nadaf e também de Silval informaram que vão pedir a liberdade de ambos. O advogado de Cursi não conversou com a imprensa. Segundo a alegação dos defensores do ex-governador, já se passaram 120, o que caracteriza constrangimento ilegal.
O advogado Alexandre Abreu, de Nadaf, pediu sobrestamento (interrupção) da audiência até que todos os advogados de defesa tenham acesso às novas informações que foram juntadas ao processo. Ele diz ter listado nove incidentes que não são do conhecimento das defesas.
A magistrada negou o pedido de adiamento e começou a ouvir as testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual. O empresário e delator do esquema, João Batista Rosa, começa a depor como vítima de extorsão. Ele repete o depoimento anterior.
Batista relatou que sempre encontrava com Pedro Nadaf e Marcel de Cursi e que combinou com eles o pagamento de 60 parcelas de R$ 30 mil. Ele disse que nunca pagou em cheque único para não dar “na cara” que estava pagando propina. O empresário alegou que ficou assustado ao ouvir uma declaração do secretário Paulo Taques, de que os incentivos concedidos na gestão passada eram caso de polícia.
A promotora Ana Cristina, representante do Ministério Público Estadual (MPE) está indagando João Batista sobre os pagamentos. Ele conta que recebeu varias mensagens de Pedro Nadaf e Cursi, pedindo para marcar uma reunião. Porque haviam descoberto as irregularidades.
João Rosa disse que recebeu a ligação do atual secretário de Estado e Desenvolvimento, Seneri Paludo dizendo que não havia encontrado os processos de concessão de incentivo em seu nome.
Rosa relata que após receber as ligações de Seneri Paludo resolveu conversar com o seu advogado Huendel Rolim para falar sobre a gravidade do problema. Foi aí que resolveram fazer a delação premiada.
Ele conta que ainda está fazendo tratamento psicológico devido a pressão sofrida pelo caso. "Tive um estresse muito alto, cheguei a ser internado por causo do ocorrido".
A sessão foi suspensa para o almoço e retomada após cerca de uma hora.
O advogado do ex-procurador Francisco Gomes Lima Filho, conhecido como "Chico Lima", questiona se João Batista Rosa conheceu seu cliente. Ele responde dizendo que viu ele no gabinete de Pedro Nadaf. Advogado perguntou se Rosa comprou imóveis e máquinas durante o período que recebeu incentivos. Ele responde que comprou um imóvel em Rondonópolis.
Quando questionado se ele foi intimidado pelo secretário Seneri Paludo, o delator respondeu que não.
O delator disse que não poderia ajudar com R$ 2 milhões e que poderia parcelar para passar o dinheiro que Nadaf pedia. Nadaf disse para ele que precisava pagar divida de campanha. Rosa falou que não tinha combinado isso com ele e iria pagar em 60 parcelas de R$ 30 mil.
Segundo o delator, Nadaf quis valores maiores para pagar dívidas de campanha. As primeiras parcelas pagas foram em torno de R$ 80 mil.
O delator afirma que entregou cheques pré-datados a Nadaf para um ano. o advogado João Cunha estranha e pergunta sobre ano da emissão dos cheques. Cunha questiona o delator sobre ligação da propina e a campanha de Silval Barbosa. Rosa afirma desconhecer destino do dinheiro.
O advogado indaga sobre dívida do delator e lê parte do relatório da deleção onde o empresário João Batista Rosa garante ressarcimento aos cofres públicos de R$ 1,7 milhão em três parcelas. O advogado questiona MPE como dívida foi reduzida de R$ 8 milhões para R$ 1,7 milhão e quer saber quem participou deste acordo.
Roberto Tardelli, advogado do ex-secretário Cursi, começa a fazer perguntas ao delator João Batista Rosa. Indaga sobre reunião entre Rosa e Silval, antes da campanha. O delator confirma, mas diz que foi devido a condição de dirigente lojista da CDL e que outros empresários participaram do encontro.
Tardelli pergunta se Rosa conversou com Marcel de Cursi. O delator responde que sim para tratar de assuntos relativos ao empresariado. O advogado pergunta a Rosa se ele cometeu crime. Ele diz que sofreu extorsão. Advogado insiste e o empresário admite crime e justifica que por isso procurou o Ministério Público.
O advogado questiona o delator sobre uma conversa entre ele e o ex-secretário Pedro Nadaf, na qual ele diz que só queria conversar com Seneri Paludo, atual secretário de Estado.
A juíza Selma Rosane chama atenção do advogado e diz que ele está pressionando João Rosa. O advogado insiste na tese de que o empresário é réu colaborador.
Rosa responde que é vítima e diz que sofreu violência verbal para efetuar o pagamento de propina aos ex-secretários e ao ex-governador. A promotora Ana Bardusco diz que ele é vítima pois sofreu extorsão.
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(Atualizada às 16h50)