A ex-juíza Selma Arruda (PSL) pediu desculpas ao PSDB pelo vídeo em que disse que os tucanos foram o que restaram para a coligação e desobrigou seus eleitores de votarem nos outros integrantes da chapa. O pedido foi feito ontem durante reunião com o governador Pedro Taques (PSDB) e com o deputado Nilson Leitão (PSDB), pré-candidato ao senado na chapa com Selma. O PSDB aceitou as desculpas e deve homologar a coligação durante a convenção do partido.
Selma jogou a culpa do vídeo em seus assessores e disse que não previu a repercussão devido à sua inexperiência na política. Para mostrar o arrependimento, a ex-magistrada gravou um vídeo, que é viralizou nos aplicativos de mensagens, mas não o publicou em suas redes sociais, como fez com o primeiro em que tentava justificar a coligação com o PSDB.
No vídeo de ontem, Selma se dirige à militância de Taques, de Leitão e do PSL para dizer que é uma “honra” integrar a coligação. “Eu gostaria de dizer a vocês que estamos mais unidos do que nunca. Estamos unidos por um ideal maior, que é o bem de Mato Grosso. É uma honra para mim compor essa chapa e eu tenho certeza de eu tenho certeza que essa chapa será vitoriosa e Mato Grosso sairá vitoriosa com ela”, declarou.
Conforme Só Notícias já informou na semana passada, numa conversa ao vivo com seus eleitores nas redes sociais, Selma deixou claro que aderiu à chapa tucana por falta de opção. Ela disse que preferia compor com o ex-prefeito de Sorriso, Dilceu Rossato, que era pré-candidato ao governo pelo seu partido, mas que a desistência do empresário a deixou refém da situação. “A máquina, o sistema obriga a gente a fazer isso. Peço a vocês que não se decepcionem. Isso são questões técnicas, questões legais que acabaram nos obrigando a adotar essa posição”, justificou.
Selma explicou que a desistência de Rossato desfez a aliança da “frentinha”, composta por partidos menores que gostariam de compor com o PSL para apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro. A coligação foi a alternativa que restou para dar a ela visibilidade e possibilidade de se eleger. “O PSL, sozinho, não poderia prosseguir. Primeiro porque nós não teríamos candidatos na majoritária para governador. Segundo, nós não teríamos tempo de TV, o PSL teria menos de um segundo de TV e não tem como você conversar com o eleitor sem esse tempo. Se abríssemos mão disso, por mais que disséssemos que fizemos isso [não se coligar com o PSDB] para nos mantermos fieis, para sermos puros, para não termos essa mistura, certamente não elegeríamos nenhum candidato”, justificou.
Diante da polarização de três candidaturas, Selma disse que não poderia compor com o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (DEM) por ele abrigar o MDB, do ex-governador Silval Barbosa que foi alvo de suas ações durante a magistratura, nem com o senador Wellington Fagundes, que está aliado ao PT e PCdoB, partidos “antagônicos” ao PSL. “Não conseguiríamos nos colocar em outro lugar que não fosse ali [com Taques]”, reforçou.
Mostrando pouco traquejo para trabalhar em grupo, pelo menos no que está, e franqueza rara à maioria dos políticos, Selma não poupou seus aliados para limpar sua barra diante da aproximação com Taques, investigado na Operação Rêmora, que foi julgada por ela. A ex-juíza reforçou que a coligação foi uma decisão pessoal. “Não foi a Selma que coligou. Foi o PSL que coligou. Quem coliga é o partido. Essa decisão foi tomada em colegiado. Eu não gostaria que vocês pessoalizassem”, alertou.
Uma “noticia boa” para o eleitor, segundo Selma, e a possibilidade de votar individualmente, o que ela fez questão de enfatizar. “É obvio que as pessoas não precisam votar com a chapa fechada. Aquele que não acredita na Selma e não acredita em A ou B que está na coligação, pode perfeitamente votar na Selma, em outro governador, em outro deputado federal ou em outro senador também”.
Para conseguir se unir ao PSDB, Selma precisou de um indulto da executiva provisória do PSL e do próprio Bolsonaro, que abriu exceção numa resolução que vetava coligação com os tucanos (e outros sete partidos) em troca de um lugar no palanque de Pedro Taques e do tempo de TV do PSDB.