“Não me surpreende”. Assim reagiu o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, Francisco Faiad, ao tomar conhecimento da decisão da Câmara dos Deputados e também do Senado Federal de deixar todas as investigações em torno do “escândalo das ambulâncias” para a Procuradoria Geral da República. O “arquivão” do Congresso foi anunciado pelo próprio deputado federal Aldo Rebelo (PcdoB-SP) após se reunir com o procurador-geral Antônio Fernando de Souza. Da reunião participou também o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Segundo Faiad, a decisão das duas casas congressuais significa “a pá de cal que faltava para tornar tanto a Câmara como o Senado casas inconfiáveis”. Ele disse que, em verdade, não esperava por essa decisão: “Depois do escândalo das absolvições de deputados no voto secreto, no acordo de salvação de políticos corruptos, o Congresso teve sua última oportunidade de recuperar parte de sua imagem perante a sociedade. “Com certeza – conclamou Faiad – a sociedade brasileira saberá dar a resposta a essa situação”.
O presidente da OAB em Mato Grosso disse que se sente escandalizado com tamanha demonstração de falta de apreço por parte da classe política no interesse com a coisa pública. “O pais foi delapidado em milhões. As notícias de corrupção, escândalos, propinas e absolutamente nada aconteceu: ninguém foi preso, ninguém está sendo punido. A sociedade já teme pelo efeito da impunidade” – acentuou Francisco Faiad.
Para Faiad, a decisão da Câmara e do Senado em “lavar as mãos”, evitando a investigação, abre brechas para novas interpretações. Especialmente por se tratar de ano eleitoral. “Mais que a demonstração de que não estão preocupados com a coisa pública, deixam claro que o interesse está voltado apenas para a reeleição” – frisou. Faiad acha que o aprofundamento das investigações poderia indicar um futuro próximo muito preocupante para os políticos. “As notícias era de que mais de 200 estariam envolvidos no esquema” – evidenciou.
Os argumento utilizados pelos dirigentes das casas legislativas para lançar o “arquivão”, na avaliação de Faiad, são fracos e não convencem. Ao se reunir com Antônio Fernando, Rebelo deixou claro que a Procuradoria Geral da República teria condições de aprofundar mais sobre o caso. “Isso é uma vergonha, uma falta de interesse clara em querer esclarecer as coisas. Mas acreditamos no bom senso dos eleitores” – concluiu.