A informação de que o governador Pedro Taques deve sair em agosto do PDT mobilizou lideranças do partido no interior do Estado, que organizam uma verdadeira debandada da sigla, com pedidos de desfiliações já em trâmite. Em Barra do Garças, por exemplo, pelo menos 50 membros do PDT devem deixar o partido, segundo estimativa do empresário Baldinho Rezende, que foi destituído da presidência municipal do PDT e agora lidera os insatisfeitos.
Todos pretendem seguir Taques, que, ao que indicam os bastidores, caminha para filiação ao PSB. A movimentação se repete em Água Boa, onde o governador obteve 81,51% dos votos computados nas eleições de 2014. Lá, a articulação é feita pelo influente médico Mariano Kolankiewicz Filho, que foi candidato a prefeito em 2012 com apoio de Taques, mas perdeu por cerca de 100 votos.
Os dissidentes apontam que o clima gerado após o posicionamento do presidente do partido na Assembleia Legislativa, deputado estadual Zeca Viana, motiva a saída da legenda. No início do ano, Viana criticou Taques pela postura do governo nas questões envolvendo a eleição para a Mesa Diretora, o que gerou uma cisão entre os aliados políticos. O deputado disse que o governador não teve maturidade política para reconhecer que aliados também devem fazer críticas. Taques sempre evitou comentar o assunto com a imprensa.
Os dissidentes lembram ainda que o governador era a maior liderança do PDT e que, agora, a legenda deve sofrer um esvaziamento, mesmo com as tentativas de Zeca, que nos últimos dias percorreu diversos municípios em reuniões com lideranças regionais. Vereador por Cuiabá, Renivaldo Nascimento (PDT), afirma que a sigla vai perder vereadores da capital, sendo ele um dos que pretendem acompanhar o governador, e do interior. “O partido é feito de pessoas e essas pessoas não gostaram do posicionamento do presidente do partido. Certamente vai haver um esvaziamento”, avalia.
A opinião é compartilhada por Rezende, para quem pelo menos 70% das lideranças filiadas ao PDT devem seguir o governador Pedro Taques. Há ainda as tratativas envolvendo autoridades políticas, como vereadores, prefeitos e deputados de outras siglas que pretendem reforçar a base do governo em Mato Grosso. No caso dos parlamentares, a decisão está condicionada à janela eleitoral, em discussão no Congresso.