O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) não deve nem sair da Câmara Federal. É o que acredita o deputado mato-grossense Ságuas Moraes, aliado do governo, que confia na segurança dos votos para impedir a sequência do processo, aceito pelo presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na terça-feira (2).
Ságuas apontou, ao Só Notícias, "que não há embasamento a alegou retaliação de Cunha. É um absurdo, porque ele estava com esperança que nossos deputados da Comissão de Ética o apoiassem com voto favorável. E quando partido anunciou a decisão de não fazer isso, inclusive houve uma reunião, ele aceitou o pedido de impeachment”.
“Mas há segurança novos votos porque além do PT, há apoio de boa parte do PMDB, PDT, PCdoB, o PSOL já se manifestou, a Rede se reuniu também. Os partidos tem responsabilidade com democracia e quem acredita nela, não quer que esse pedido ocorra. Acho que temos uma quantidade de parlamentares suficiente com certeza para evitar esse pedido”, acrescentou.
O parlamentar ainda classificou com “tentativa de golpe” o pedido. “Mais uma, que começou assim que as eleições terminaram. Pediram a recontagem das urnas, dos voto da presidente, mas não dos votos deles, porque perderam. Tentaram um terceiro turno no começo do ano e inventaram essa história de impeachment de forma irresponsável, perderam a capacidade de fazer oposição [….], se alinharam com o Cunha e tentam dar o golpe”.
O pedido aceito por Cunha foi formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, alegando que Dilma efetuou as chamadas “pedaladas fiscais” ainda este ano, com objetivo de atrasar repasses a bancos públicos a fim de cumprir as metas parciais da previsão orçamentária. Ação que não bem vista pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Em discurso menos de 2 horas depois de Cunha anunciar ter aceito o processo, Dilma disse que “são inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público".
Ontem, o líder do governo José Guimarães (PT-CE), se reuniu com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e os líderes dos partidos que compõem a base aliada para definir estratégias, em Brasília.
A comissão multipartidária que vai analisar o pedido deve ser formada oficialmente semana que vem. Se esse grupo acolher, a presidente terá 10 sessões para se defender. Em seguida, a comissão dará um parecer, que será submetido a votação e se aprovado por dois terços dos 513 deputados, a ação segue para o Senado.
Se o pedido for aprovado na Câmara, Dilma é obrigada a se afastar por 180 dias, para a deliberação no Senado, liderada pela presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Caso dois terços dos senadores votem pelo impeachment, ela perderia o mandato e seu vice Michel Temer assume.