A comunidade acadêmica do Campus Sinop da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) está reunida com a reitora Marluce Aparecida Souza e Silva, hoje pela manhã, para debate sobre a proposta de emancipação do campus. Marluce destacou a necessidade do diálogo entre as partes, porém afirmou que desmembramento iria fragilizar a universidade. “Não sou contra, eu sou a favor de uma Universidade Federal forte e eu acho que a divisão nos enfraquece.”
“Sinop é um campus que, quando nós chegamos, ele era superavitário e hoje ele também é superavitário. Cuiabá é deficitário. Nada tem faltado dentro daquilo que tem sido liberado pelo governo federal para Sinop, ele não tem sido colocado em segundo plano, ou terceiro plano na distribuição dos nossos recursos, e nós vamos mostrar isso”, afirmou. Questionada sobre relatos de professores locais sobre a dificuldade de liberação dos recursos para a região, Marluce negou.
Segundo a reitora da UFMT, caso Sinop se desmembrasse, seria enquadrada como “supernova”. “O campus de Sinop recebe 17% do orçamento, porque corresponde ao número de alunos, ao número de custos, ao número de pesquisa, ao número de extensão, ao número de docentes, e o que a gente tem registrado no Sinop? Uma evasão significativa de estudantes. A professora Sonia estava me mostrando quantos nossos estudantes têm que caminhar à noite para chegar no primeiro ponto de ônibus. Então, o que precisamos fazer não é nos dividir, é juntar força com o município, com o Estado, e fortalecer e combater a evasão dos estudantes.”
“A emancipação talvez também seja um desejo, um sonho pessoal, um município. Nós teremos que ouvir o que é esse sonho, o que tem de promessa, o que tem de compromisso dos demais políticos. Nós aceitaremos, não tem problema nenhum, só que esse processo é um processo longo, não basta só a comunidade aceitar, não basta só ter um projeto na legislação, do mesmo jeito que ela foi criada, ela passou pelo Concep, pelo Consune, pelo Conselho Diretor, para ela se retirar”, concluiu.
O pró-reitor do campus de Sinop, Elton Brito Ribeiro, também destacou a importância de avaliação do processo, o qual demanda estrutura, pessoal e faz com que “a gente precise ter essas garantias, precisamos que a comunidade esteja envolvida para que seja um processo positivo. Se a UFMT continuar no formato com que ela está aqui em Sinop, ela vai ter muitas dificuldades. Então, se for um processo que permaneça como está, não é um processo positivo. A questão é que os recursos financeiros que vêm para a UFMT hoje, eles são insuficientes não só para a UFMT, eles são insuficientes para as universidades como um todo, e isso tem gerado grandes dificuldades. E os campos do interior, eles por estarem longe da sede, eles também têm dificuldades desde a implantação, com infraestrutura, com diminuição de pessoal, então o objetivo sempre é resolver esses problemas.”
O representante dos alunos, Diego Taquini, afirmou que neste momento, a comunidade discente tende a ser mais contra do que a favor da emancipação do campus, devido à falta de projetos elaborados, e a insegurança passada pela ausência de diálogo dos políticos à frente destes projetos de lei para com os alunos. “Nós não temos acesso à informação de como se dará esse processo, então, os alunos que são a favor, é uma argumentação super válida, a gente realmente compreende, mas os questionamentos que a gente tem é, a UFMT tem um problema sério de orçamento. Quando você emancipa um campus, você precisa elaborar as pró-reitorias que se encontram em Cuiabá.”
“A gente nem conseguiu finalizar dois prédios que tem aqui em Sinop há mais de 10 anos, então, como que a gente quer emancipar desse jeito? A gente tem quatro projetos de leis que tratam sobre a emancipação deste campus, nenhum desses autores veio até ao campus Sinop para dialogar com a comunidade, Wellington Fagundes, Juarez Costa, Rosa Neide, Carlos Fávaro, nenhum deles esteve aqui para conversar com a gente. Isso no mínimo é chocante, porque se faz o projeto, a pressão externa, mas os políticos que têm interesse não se dispõem a conversar com a comunidade.”
“Vale lembrar que a universidade não é composta somente de professores e técnicos. A parte mais importante, o coração pulsante de uma universidade são os alunos. O professor não dá aula para cadeira, dá aula para aluno, o investimento é para formar profissional de qualidade. As nossas maiores colocações, indagações é, onde está esse projeto de emancipação? Como se dará o processo? Quando os políticos terão interesse em debater com a nossa comunidade? Então, hoje acredito que a comunidade discente, de forma geral, se coloca mais contra do que a favor ao processo.”
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