O anúncio de medidas de auxílio à retomada de renda para a agropecuária junto com o Plano de Safra no próximo dia 25 – além da busca de equacionamento para a dívida agrícola -, foram as principais garantias dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, aos oito governadores que se reuniram com ele no Palácio do Planalto, ao final da tarde desta terça-feira.
Porta-voz da reunião, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, disse que pela primeira vez houve consciência do presidente de que a dificuldade de falta de rentabilidade agropecuária não é apenas setorial, mas sim conjuntural, de toda a economia do Brasil.
Ou seja, ela pode fazer “efeito dominó” em outros setores, como as anunciadas demissões de trabalhadores no campo e na cidade, como exemplificou o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, em debate com economistas no Auditório Petrônio Portella, no Senado, na manhã desta terça-feira.
“O fato mais importante da reunião é que o presidente ficou convencido de que existe problema bastante grave na agropecuária e na agricultura familiar, e que a medidas tomadas até agora foram paliativas”, avaliou Rigotto. “Há convencimento por parte do Governo Federal e por parte da Fazenda de que algo precisa ser feito definitivamente. Não dá para ser algo paliativo, como foram feitas atá agora”, disse. Essa mudança de atitude, diz, é necessária para que não haja o ciclo de cada quatro ou cinco anos os produtores ficarem de “pires na mao”, pedindo ajuda ao Governo.
Em dois anos, os agricultores perderam cerca de R$ 20 bilhões de renda, em função de uma serie de fatores como: câmbio, alto custo de produção e falta de garantia de preços na comercialização.
Câmbio
“O presidente disse que há algumas coisas estão sendo estudadas para recuperar o câmbio que aí está, porque no entendimento do Governo Federal ele é prejudicial não só para a agricultura, mas também para a indústria de transformação”, disse o governador Blairo Maggi. Segundo ele, a questão cambial não será nenhuma maxidesvalorização do real ou retirar o mecanismo de dólar flutuante. “Dissemos que ele não pode ser um câmbio que só cai, tem que flutuar hora pra cima, hora para baixo”.
Mas uma mexida no câmbio responsável, segundo Maggi, por perda aos agricultores de 45% com a supervalorização do real frente o dólar, está descartada. O governador Blairo Maggi espera que até o dia 25 de maio, haja trégua nos bloqueios de estradas patrocinadas pelos produtores rurais com o “Grito do Ipiranga”, prinicipalmente nos Estados do Centro-Oeste e região Sul do Brasil. Mas não há consenso sobre esse assunto.
Dívida
Na questão do endividamento do setor, Maggi relatou que a sugestão dos governadores é para se criar condições para sanar débitos do passado, mas vislumbrar fôlego para que dividas sejam pagas com criação de condição no futuro. “E preciso renogociação de dividas criadas em função do câmbio e temos que ter o lançamento de títulos no mercado internacional”, afirmou Maggi sobre idéia do economista Paulo Rabello de Castro, sobre captar recursos no mercado externo para dar impulso ao agronegócio.
Mas uma parte dos recursos teriam que ser financiados pelo Governo Federal, porque os governadores entendem que a atual dificuldade de perda de renda e barreiras para o plantio foram criadas pela política econômica empreendida pelo governo Lula.
Além do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, participaram da reunião os governadores de Goiás, Alcides Rodrigues Filho; de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira; do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto; do Maranhão, José Reinaldo Tavares; doTocantins, Marcelo de Carvalho Miranda; da Bahia, Paulo Souto; e de Rondônia, Ivo Cassol.
O governador de Minas Gerais foi representado pelo secretário de Agricultura, Marco Antônio Rodrigues de Cunha. E o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, não participou do evento em função das dificuldades na área de segurança pública no Estado, assim como o governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos.