O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), confirmou hoje, em entrevista à Folha Online, que o relatório final da comissão deve incluir o nome de outros parlamentares suspeitos de receber recursos das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Na próxima semana, serão incluídos dados de transferências feitas por corretoras que operam no mercado do sistema de computador usado pela CPI para identificar deputados envolvidos. Novos nomes devem aparecer.
Os técnicos da CPI cruzam, por intermédio desse programa, os dados de transferência de recursos do valerioduto e das corretoras com os nomes de assessores de parlamentares e de deputados e senadores. O relator disse que há indícios da existência de novos “mensaleiros”, mas que até agora não foram identificado casos concretos. “Há várias suspeitas, suspeitas fortes”, afirmou.
Dependendo da continuidade das investigações nas próximas três semanas, Serraglio vai decidir se acrescenta ou não novos casos no relatório final, inclusive com a identificação do parlamentar possivelmente beneficiado pela remessa de dinheiro.
“Se ficar só nesse nível de suspeição e não tivermos mais elementos, não levaremos adiante. Se as suspeitas se mantiverem e avançarmos, eu toco para a frente. Coloco inclusive o nome”, acrescentou Serraglio sem querer citar nomes.
Os nomes devem ser mantidos em sigilo até o dia 20 de março, data de divulgação do relatório final da CPI dos Correios.
O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), adiantou que pela existência desses novos nomes, o relatório final será remetido para a Corregedoria da Câmara dos Deputados para a abertura de novos processos contra parlamentares. “Vamos mandar para a corregedoria porque os casos são iguaizinhos àqueles outros [já investigados pelo Conselho de Ética]”, afirmou.
No caso das corretoras, Delcídio afirmou que o sub-relator de fundos de pensão, Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), já encontrou o nome de deputados sacadores. “O ACM [Neto] me disse que aparecem novos nomes de sacadores”, declarou o presidente da comissão.
Na lista de novos nomes, estaria, de acordo com matéria publicada pela revista “Veja”, o deputado Nilton Baiano (PP-ES), cujo assessor teria recebido pelo menos R$ 100 mil. Outros integrantes da comissão desconfiam da existência de mais nove nomes, mas o rol estaria em posse do deputado ACM Neto que, por sua vez, prefere não tratar do assunto.