Uma reunião entre representantes de nove etnias indígenas, do Ministério Público, da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Ministério dos Transportes e do governo do estado de Mato Grosso definiu ontem que na próxima terça-feira (1º) será votada a medida a ser adotada diante das reivindicações de fiscalização das terras indígenas próximas à rodovia BR-163.
Desde domingo, cerca de 200 índios de etnias como Caiapó, Terena, Apiaká, Paraná e Kayabi fizeram bloqueios na rodovia, na altura do quilômetro 942. Eles querem a construção de uma rodovia de acesso às aldeias na região e um projeto para utilização de produtos naturais da floresta em manufaturados a serem comercializados.
De acordo com a Agência Brasil, o bloqueio da estrada, encerrado às ontem14h25, não chegou a impedir o abastecimento de combustíveis e alimentos nos estados do Pará e de Mato Grosso, segundo o inspetor-chefe do Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso, Vanderlei Munhoz. “Dessa vez os protestos duraram pouco tempo e sabemos que não afetaram essa infra-estrutura”, explicou.
O administrador da Funai em Mato Grosso, Megaron Txucarramãe, informou que os índios manterão os bloqueios até que as reivindicações sejam atendidas. “A liderança prometeu, aos representantes do governo que vieram aqui, que os bloqueios voltarão se não atenderem aos pedidos”, disse.
Conflito continua no Xingu – Ao contrário do que as lideranças indígenas definiram em acordo com autoridades, os índios ainda não liberaram o funcionamento da balsa no rio Xingu que dá acesso de São José a BR-080- Peixoto de Azevedo e a BR-163. Tomada pelos nativos desde segunda-feira. Segundo informações de caminhoneiros e viajantes “ilhados” em São José do Xingú, desde segunda-feira, quando os indígenas tomaram a balsa, que nenhum veículo tem passagem no local. “A situação está caótica aqui. Já está começando a faltar produtos e muitos caminhoneiros e pessoas que estavam de passagem não tem mais dinheiro para se manter”, disse ao Só Notícias, por telefone, Eloir Freitas, morador de Sinop, que está “preso” no em São José.
Segundo ele, mais de 50 caminhoneiros, muitos com cargas perecíveis que já estão estragando, estão parados em um posto próximo ao local da travessia. “Nós estamos organizando um movimento para cobrar alguma atitude do prefeito de São José do Xingu, mas tivemos a informação de que ele não está no município”, disse Eloir. Ele também disse que ao contrário do que acontecia na BR-163, em Itaúba, durante os bloqueios, em momento algum os índios liberam a passagem no Xingu, “Aqui está tudo parado desde segunda” afirmou. Ontem, quando as lideranças encerraram o bloqueio na rodovia também foi anunciado que a balsa seria liberada no Xingu pois as reivindicações eram as mesmas.