Candidato à reeleição a Presidência da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) disputará o cargo nesta quinta-feira (1º) com o apoio de sete partidos: PCdoB, PSB, PFL, PDT, PMN, PHS e PAN.
No decorrer da campanha, o parlamentar priorizou os contatos pessoais e suprapartidários na tentativa de garantir votos necessários para ganhar eleição no primeiro turno ou, pelo menos, uma vaga no segundo turno.
A coordenação de campanha está confiante que tem votos de todas as legendas, suficientes para disputar o segundo turno com Chinaglia ou Fruet.
Aldo Rebelo defende propostas como o orçamento impositivo, ou seja, que o Executivo seja obrigado a cumprir o Orçamento da União aprovado pelo Congresso Nacional; a restrição da edição de medidas provisórias pelo Presidente da República; e a isonomia, ao longo do tempo, dos salários de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) com os salários do Presidente da República, Ministros de Estado e parlamentares.
As três propostas, todas polêmicas, estão na carta compromisso encaminhada pelo parlamentar aos deputados federais. O reajuste do salário dos parlamentares, de R$ 12,8 mil para R$ 24,5 mil, chegou a ser proposto por Aldo Rebelo e o presidente do Senado, Renan Calheiros, no fim do ano passado.
Por conta de uma grande repercussão negativa junto a sociedade, os parlamentares foram obrigados a recuar da decisão após o Supremo Tribunal Federal conceder liminar suspendendo o reajuste auto-concedido. Rebelo e Calheiros já tinham apresentado cortes nos orçamentos da Câmara e do Senado para viabilizar o reajuste salarial.
Natural de Viçosa (AL) e jornalista por profissão, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo começará amanhã o seu quinto mandato na Casa. Ele foi eleito para a Câmara pela primeira vez em 1991.
Em 1989, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva candidatou-se pela primeira vez à Presidência da República, perdendo para o então governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, o militante político comunista iniciava sua vida parlamentar como vereador constituinte da cidade de São Paulo.
No primeiro mandato do presidente Lula, Rebelo foi líder do governo na Câmara e ministro da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais do Governo. Aldo Rebelo retornou à Câmara em 2005.
Com a renúncia do então presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), por conta de denúncias de recebimento de propinas, Rebelo elegeu-se presidente da Casa em 28 de setembro daquele ano disputando o cargo com o pefelista José Thomaz Nonô (AL), que já era primeiro vice-presidente.
Em um acordo político da base aliada ao governo, o petista Arlindo Chinaglia abriu mão de sua candidatura para viabilizar a eleição de Rebelo. Desta vez, os dois resolveram bater chapa em plenário para decidir quem comandará a Câmara pelos próximos dois anos.
Esta eleição repete a disputa de 2005, quando dois parlamentares governistas – Virgílio Guimarães (PT-MG) e Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) – foram para o voto no plenário. O paulista ganhou no primeiro turno, mas perdeu para Severino Cavalcanti no segundo turno.
A vida política de Aldo Rebelo, entretanto, é anterior à trajetória parlamentar. Em 1977, ele passou a exercer funções tanto na Direção Nacional do PCdoB quanto na Direção Regional do partido, em São Paulo.
Na época, o partido ainda estava na clandestinidade e o país começava o processo de “distensão” no governo do presidente militar Ernesto Geisel. Em 1979, ele foi secretário geral da União Nacional dos Estudantes (UNE), no momento de sua reconstrução. Em 1980, elegeu-se presidente da agremiação.
De 1980 a 1985, Rebelo esteve filiado ao PMDB. Participou, pelo partido, da campanha pelas Diretas Já e do colégio eleitoral que elegeu o então candidato Tancredo Neves à Presidência da República rompendo com 20 anos de ditadura militar. Ainda em 1985, o comunista filiou-se ao PCdoB.
Chinaglia
Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi o candidato à Presidência da Câmara que obteve apoios institucionais dos dois maiores partidos na Casa. Em reuniões de bancada, PMDB e PT, além de PP, PR (fusão PSC-PL-Prona) e PTB, declararam preferência por ele para a eleição que acontece amanhã (1º).
O deputado Geraldo Magela (PT-DF), um dos coordenadores da campanha de Chinaglia, avalia que o parlamentar poderá ter entre 220 a 250 votos no primeiro turno. A candidatura do petista foi viabilizada após um acordo fechado com o PMDB, segundo p qual o petista presidirá a Câmara em 2007 e 2008, e o PMDB, nos dois anos seguintes. Pelo critério da proporcionalidade das bancadas, adotado historicamente na Câmara, caberia aos peemedebistas indicarem o candidato para o cargo.
Paulista de Serra Azul, Arlindo Chinaglia Júnior, médico por profissão, começa sua quarta legislatura na Câmara dos Deputados a partir desta quinta-feira. Seu primeiro mandato como deputado federal teve início em 1995. Por um ano (2001-2002), licenciou-se da Câmara para exercer o cargo de secretário de Governo da cidade de São Paulo na gestão da então prefeita Marta Suplicy (PT).
Chinaglia nunca teve outro partido além do PT, em que ingressou em 1989. Entre 1992 e 1993, foi presidente do Diretório Regional do partido em São Paulo. Na Câmara dos Deputados, foi vice-líder e líder do PT e, desde 2004, ocupa a liderança do Governo na Casa, cargo de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O candidato petista tem em sua biografia várias atuações em associações e sindicatos. Em 1978, por exemplo, foi eleito, em São Paulo, presidente da Associação dos Médicos Residentes e Internos do Hospital do Servidor Público Estadual.
Chinaglia também foi membro da Direção Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo, vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos. Na CUT de São Paulo, também ocupou cargos de direção como secretário geral, de 1987 a 1988, e presidente, de 1988 a 1990.
Um dos temas mais polêmicos e que desgastou ainda mais a imagem do Congresso Nacional, já prejudicada pela série de denúncias em 2006 de deputados e senadores envolvidos em escândalos de corrupção, a proposta de reajuste salarial dos deputados e senadores em mais de 90% foi tratada superficialmente pelo candidato.
Em carta-compromisso enviada aos deputados com suas propostas para a Casa, Chinaglia disse que não há “temas proibidos” na Câmara e quer que o assunto seja amplamente debatido pela legislatura que toma posse amanhã. Na carta, ele disse que deve haver um debate “breve, sereno e transparente” sobre o assunto.
O excesso de medidas provisórias enviadas pelo Executivo ao Congresso também é criticado pelo candidato na carta . Ele defende, ainda, a necessidade de o parlamento resgatar “prestígio e autoridade”. Se eleito, Chinaglia disse que dará prioridade à tramitação de projetos que tenham origem no Parlamento.