Os defensores de candidatura própria ao Governo de Mato Grosso dentro do PSDB que se apóiam no voo solo do ex-secretário Maurício Magalhães, um dos mais próximos do ex-governador Dante de Oliveira, falecido em 2006, ganharam um argumento e tanto com a decisão da direção nacional de promover o lançamento de candidaturas próprias para reforçar o palanque presidencial do senador tucano, Aécio Neves (MG) neste ano, que tem sua disputa centralizada com a presidente Dilma Rousseff (PT) candidata a reeleição, e com o presidente nacional do PSB e ainda governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
A estratégia não é nova, mas foi abandonada meses atrás como forma de não afastar possíveis aliados que até agora não se posicionaram no cenário nacional, com a exceção do DEM. Partidos como o PPS, que sempre caminharam com o PSDB, estão se virando para um possível apoio ao candidato socialista do PSB, Eduardo Campos.
O problema é que ao reforçar a tese da candidatura também se coloca em risco outro projeto o do senador pedetista, Pedro Taques (PDT) que lidera o Movimento Mato Grosso Muito Mais com o PDT, PSB e PPS, partidos que não teriam o condão de garantir tempo de rádio e televisão ao programa eleitoral gratuito e que necessitariam da coligação do PSDB e do DEM que já decidiram caminhar juntos. Num Estado com dimensões continentais, o horário eleitoral gratuito é uma importante arma para aqueles que desejam disputar as eleições de igual para igual.
A possibilidade de candidatura própria será levada, segundo o presidente do PSDB em Mato Grosso, deputado federal Nilson Leitão, a discussão após as festividades de Carnaval. O nome de Nilson Leitão chegou a ser colocado como candidato a vice na chapa encabeçada pelo pedetista, Pedro Taques, tendo o democrata, Jayme Campos como candidato ao Senado.
Mauricio Magalhães, que chegou a ser visto como um intruso nas discussões do PSDB, mas sua posição cunhou o entendimento das bases tucanas de voltar a disputar as eleições em igualdade de condições e com chances de vitória. O secretário-geral do PSDB Nacional, deputado Antônio Carlos Mendes Thame frisou que “não há partido que se firme” sem lançar candidaturas próprias.
A declaração dele foi dada ao jornal Folha de São Paulo, apontando ainda a importância de candidaturas para arregimentar força eleitoral em busca de eleger deputados federais para aumentar participação no tempo de rádio e televisão e na partilha do Fundo Partidário Nacional, que em 2014 soma R$ 364,3 milhões. Partidos com mais deputados federais eleitos e empossados tem acesso a maior fatia dos recursos públicos e ao tempo de rádio e televisão no horário eleitoral gratuito.
O desempenho do PSDB, que sempre foi Exemplar nas duas eleições vencidas por Dante de Oliveira (1994/1998), levou o partido a ter reconhecimento nacional. Só que após 2002, com a eleição de Blairo Maggi e a derrota de Dante, que disputou a senador, os tucanos acabaram perdendo o prumo ao ponto de eleger em 2006 apenas Thelma de Oliveira deputada federal e Chica Nunes e Guilherme Maluf deputados estaduais. Já em 2010, o desempenho piorou ainda mais, mesmo nas duas eleições eles tendo candidato a governador, que foi o ex-senador Antero Paes de Barros.
Neste ano, o PSDB só elegeu Guilherme Maluf deputado estadual numa coligação que puxou outros dois deputados estaduais pelo DEM, José Domingos Fraga e Dilmar Dal Bosco. Como nesta eleição, Pedro Henry (PP) teve seu votos computados apenas depois de julgados recursos na Justiça Eleitoral, o então eleito e cumprindo mandato desde 2011, Saguas Moraes (PT) acabou pela recontagem perdendo a vaga e abrindo espaço para Nilson Leitão, que assumiu o mandato.