Luiz Antonio Vedoin, sócio da empresa Planam e chefão do esquema das sanguessugas foi recolhido há pouco ao presídio Pascoal Ramos, em Cuiabá. É a segunda vez que Vedoin vai à garra. Preso quando o escândalo estourou, ele foi beneficiado com a liberdade condicional depois que concordou em colaborar com a Justiça.
Nesta sexta, porém, o juiz César Bearsi foi informado pela Polícia Federal de que Luiz Vedoin tentara vender um dossiê relacionado ao caso por R$ 2 milhões. O material que o dono da Planam levou ao balcão continha filmes e documentos contra o tucanato. Envolvem principalmente José Serra, candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB. Haveria também uma foto de Geraldo Alckmin, presidenciável tucano, ao lado de uma ambulância da Planam.
Luiz Vedoin foi levado para prestar depoimento na Superintendência da PF em Cuiabá. E de lá, mediante autorização do juiz Bearsi, foi direito para a cadeia. Nesta sexta, conforme noticiado abaixo, a Revista IstoÉ estampou em sua capa reportagem na qual Luiz Vedoin e seu sócio, Darci Vedoin, envolvem Serra no caso da compra superfaturada de ambulâncias.
Além de Vedoin, a PF deteve duas pessoas em São Paulo: Valdemar Padilha e Gedimar Pereira Passos e Valdemar Padilha. Este último exerceu o cargo de tesoureiro do PT em Mato Grosso. Os dois tinham em seu poder R$ 1,7 milhão. O dinheiro seria usado na aquisição do dossiê montado pelos Vedoin. Curiosamente, Luiz Vedoin estivera ontem na sede do Ministério Público Federal em Cuiabá. Ele informou que, consultando a sua movimentação bancária, detectara pagamentos que não havia informado em seus depoimentos anteriores. E protocolou uma nova representação.
Vedoin anexou ao documento entregue ao Ministério Público comprovantes de movimentação bancária em favor de empresas que teriam como sócio o personagem Abel Pereira, o mesmo que é citado na reportagem da IstoÉ. Sustenta que Pereira agiria em nome de Barjas Negri, o ministro que sucedeu Serra na pasta da Saúde em 2002.
O blog conversou com o procurador Mario Lucio Avelar, um dos responsáveis pelo desbaratamento da máfia das ambulâncias. Ele informou que, por dever de ofício, vai investigar os fatos contidos na nova representação de Vedoin. Mas está com um pé atrás.
“Tudo tem que ser apurado. A acusação veio acompanhada de documentação bancária. Temos que ver por que transferiu, a título de quê. Mas é estranho que ele [Vedoin] venha ao Ministério Público e depois vá dar uma entrevista a uma revista. Temos de verificar se não estamos sendo usados para lavar essa matéria.”, disse Mario Lúcio.
O procurador prossegue: “Tão importante quanto a apuração dos fatos contidos na representação é saber tudo sobre essa tentativa de venda do material. É preciso ver quem ia comprar uma fita. Por que vale tanto? Qual é a finalidade disso? Qual é a origem do dinheiro? É proveniente de quê? Sem responder a essas perguntas, tudo perde o sentido. É preciso esclarecer primeiro esse fato”.
Em todos os depoimentos que dera anteriormente –ao Ministério Público, à Justiça federal de Mato Grosso e à CPI das Sanguessugas—, os Vedoin jamais haviam envolvido os nomes de Serra e Barjas Negri no episódio. E não foi por falta de questionamento.
Como se vê, a Polícia Federal tem em mãos um caso cabeludo. Esclarecendo-o pode dar uma prova definitiva àqueles que duvidam da sua isenção de que está imune a influências partidárias.