onvencido de que não há provas de que Silas Rondeau tenha sido beneficiário de uma propina de R$ 100 mil da empreiteira Gautama, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer reconduzi-lo ao antigo posto de ministro de Minas e Energia na próxima terça-feira.
Lula deve conversar com Rondeau ainda hoje ou, no mais tardar, até domingo para oficializar o convite. Nos últimos dias, o presidente enviou um recado a aliados do peemedebista, afirmando que gostaria de tê-lo de volta ao governo.
As mensagens foram transmitidas pelos ministros Tarso Genro (Justiça) e Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), em conversas isoladas com peemedebistas.
Rondeau pediu demissão depois que foi divulgado um vídeo do circuito interno do Ministério de Minas e Energia, apreendido pela PF, que mostrava a funcionária da Gautama Maria de Fátima Palmeira entrando no órgão. Para a PF, a funcionária levava a propina que seria entregue ao então ministro.
O desejo de trazer Rondeau de volta explica o motivo de Lula não ter confirmado Márcio Zimmermann como titular da pasta.
Navalha
A suposta máfia das obras foi desarticulada pela Operação Navalha, da Polícia Federal. O dono da empresa Gautama, Zuleido Veras, é acusado de liderar o esquema de pagamento de propinas para autoridades públicas.
A Operação Navalha chegou a prender 48 pessoas. Entre os detidos estavam o deputado distrital Pedro Passos (PMDB); o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares (PSB); o filho do ex-governador João Alves Filho (DEM-SE), João Alves Neto; dois sobrinhos do governador Jackson Lago (PDT-MA) –Alexandre de Maia Lago e Francisco de Paula Lima Júnior–; além dos prefeitos de Sinop, Nilson Aparecido Leitão (PSDB-MT), e de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT-BA).
A quadrilha atuava no Distrito Federal e em nove Estados –Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão e São Paulo– infiltrada nos governos federal, estadual e municipal.
Segundo a PF, a quadrilha desviou recursos do Ministério de Minas e Energia, da Integração Nacional, das Cidades, do Planejamento, e do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
Para obter vantagem nas licitações para obras públicas, a empresa pagava propina e dava presentes para as autoridades envolvidas.