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Presidente sepulta boatos e diz que Palocci fica até o fim

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que o ministro Antonio Palocci continuará na Fazenda até o fim de seu mandato. Segundo Lula, o governo não pode se deixar levar por especulações. “[Palocci] é uma figura imprescindível para o Brasil, todo mundo sabe o que ele significa para a economia brasileira.”

Indagado se a saída de Palocci seria uma joga da oposição, Lula afirmou que existem pessoas que trabalham em cima de tropeços e que o país deveria ser agradecido pelo que Palocci fez à economia brasileira.

Ontem, ao participar de uma audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Palocci disse que que apenas Lula poderia responder sobre sua permanência no cargo.
O ministro também resistiu a responder se de fato havia pedido demissão.

Sobre as divergências entre ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e Palocci, Lula afirmou que o equilíbrio precisa ser igual a de um time de futebol. “Só dá certo porque tem 11 jogadores com características diferentes. No governo é a mesma coisa.”

Durante o discurso, o presidente defendeu a política econômica promovida pelo ministro e afirmou que às vésperas da eleição, há muita gente que “vende facilidades”. “Quando você vira governo, sai da era do eu acho para a era do eu faço”, disse ele. Lula disse que o país nunca teve um crescimento com uma conjuntura macroeconômica tão positiva: com aumento do PIB, inflação sob controle e exportações em alta.

“A questão da inflação no Brasil é cultural. Tem gente que começa a vender um pouco mais e logo aumenta o preço”, afirmou.

Reeleição

O presidente evitou falar em reeleição e disse que ainda tem “muito chão”. “Primeiro preciso esperar ver o Corinthians ser campeão para depois saber o que vou fazer.”

Lula participou hoje da cerimônia de batismo da plataforma P-50, para a extração de petróleo, que vai garantir ao país a auto-suficiência para a produção de combustível em 2006.

Clima

Na última segunda-feira, Palocci teria dito a Lula que poderia deixar a pasta se não tivesse suas reivindicações atendidas. Palocci teria pedido demissão na semana passada, mas o presidente não aceitou.

O ministro condiciona a permanência à recomposição de seu poder no governo, o que passa pelo fim do chamado “fogo amigo” (críticas públicas de ministros e de caciques do PT) e sinais claros de que tem carta branca na área econômica. Ou seja: o que Lula dizia antes de Palocci ser atacado por Dilma em entrevista na qual ela chamou de “rudimentar” a proposta da equipe econômica de ajuste fiscal de longo prazo.

Nos últimos dias, Palocci tem dado evidências de que sua insatisfação é real. Na quinta-feira passada, um dia depois de ter falado aos senadores na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, ele disse que achava “melhor sair” quando pediu demissão ao presidente. Uma semana antes, já havia dito a Lula que poderia deixar o cargo devido ao “fogo amigo” e à evolução da crise política (acusações de corrupção na Prefeitura de Ribeirão Preto).

Na última quinta-feira, Palocci teve conversa franca com Lula, segundo relato dado pelo presidente e pelo ministro a amigos. Palocci criticou Dilma e se queixou do próprio presidente, dizendo achar que sua dubiedade na economia custaria a confiança dos investidores construída em três anos.

O ministro disse ainda achar um erro Lula estimular Dilma a enfrentá-lo, pois isso provocaria perda de sua credibilidade, algo fatal para um ministro da Fazenda. Lula respondeu que cobrava apenas execução orçamentária mais eficaz. Afirmou que o papel de Dilma era tirar projetos do papel e que ela lhe disse que encontrara obstáculos na equipe econômica, que seguraria recursos para elevar o superávit primário.

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