O presidente do PDT em Mato Grosso, deputado estadual Zeca Viana, prevê uma crise partidária, caso se confirmem os rumores de que o governador Pedro Taques (PDT) negociou cargos no Palácio Paiaguás em troca de votos de deputados da oposição à chapa de Guilherme Maluf (PSDB) à presidência da Assembleia Legislativa. Segundo ele, o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, já foi informado da situação e ficou “indignado”. “Ele ligou duas vezes para mim ontem (quinta-feira). Não atendi. Não quero entrar nesse assunto. Eles não têm um bom relacionamento e talvez esse seja o pingo d’água”.
O deputado se diz mais preocupado com a situação dos correligionários que apoiaram a campanha de Taques no interior e que podem não ser contemplados com indicações de cargos no governo. Zeca adianta que, caso tenha suas indicações “vetadas” por Taques como forma de represália por não ter apoiado o projeto de Maluf, não se responsabilizará perante os pedetistas.
“Ele (Pedro Taques) que vai ter que justificar porque vetou os próprios companheiros para dar lugar para a oposição. Eu fiquei quatro anos no governo Silval (Barbosa) sem o direito nem de pedir um cargo na minha cidade. Agora, o meu querido governador vai negociar cargo a troco de voto com deputado da oposição, do PMDB e do PSD. Os companheiros não vão aceitar isso”.
Embora a orientação no governo seja a de que o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, é o responsável por analisar os currículos dos interessados em cargos de comissão, Zeca afirma que a suposta negociação com os deputados Baiano Filho e Silvano Amaral (ambos do PMDB) e Pedro Satélite (PSD) partiu do próprio governador.
Para o parlamentar pedetista, faltou “maturidade política” a Pedro Taques para lidar com a situação. Afirmando que sua relação com o correligionário continua a mesma (ao menos de sua parte), Zeca ameniza considerando que ainda há tempo para corrigir os erros que ele considera terem sido cometidos pelo governador.
“Com a inteligência que ele tem, acho que aprende rápido. Ainda bem que foi agora, no começo. Acho que foi até benéfico para ele analisar e, talvez, se tiver que dar um passo para trás, dar, porque isso é importante nas decisões políticas e faz parte do jogo. Vai servir de exemplo para que não aconteça mais para frente o mesmo”.