O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, foi ouvido, ontem, pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Fiscal. Para o presidente da CPI, deputado estadual José Carlos do Pátio (SD), a participação da Famato no Conselho Estadual de Desenvolvimento Empresarial (Cedem), assim como as outras instituições, foi feita de maneira irresponsável e conivente e, por isso, são todas corresponsáveis pelas liberações de incentivos fiscais realizadas nos últimos 12 anos em Mato Grosso.
De acordo com informações da assessoria, em depoimento, Prado explicou que a Famato participa de várias comissões e, no Cedem, ele colocou um representante da sua confiança. Contudo, diante das apresentações realizadas pelos deputados das aprovações de incentivos fiscais sem fiscalização, Prado disse que não teve conhecimento de nenhum deles, mas se colocou à disposição para prestar outros depoimentos se necessário.
“A Famato tem um acento no Cedem, igual como todas as instituições e ela vota pelo sim e pelo não nos incentivos fiscais. Com certeza estamos prontos para dar qualquer esclarecimento. E acho que o Cedem é um conselho importante para o Estado de Mato Grosso, que precisa de incentivos”.
Pátio disse que percebeu no depoimento que a Famato fazia o jogo de interesses nas aprovações dos incentivos, principalmente, voltada para a área de grãos. E que será necessária uma reforma política urgente para que haja mudanças. “Claramente a Famato fazia o jogo de interesses das aprovações. E de forma errônea e equivocada beneficiavam grãos, isso não é industrialização e verticalização da economia. Eu particularmente vejo que a classe política tem que mudar, mas a sociedade tem que chamar para si a responsabilidade e na verdade todo mundo encosta no poder só para interesse da sua categoria e não vê o interesse publico”.
Durante a oitiva, o deputado Wilson Santos (PSDB) criticou também os incentivos ficais concedidos e destacou de forma irônica que faltou apenas conceder incentivos para cabarés e motéis.
A próxima oitiva será, hoje, com o presidente da Federação das Indústrias do Mato Grosso (FIEMT) Jandir Milan, que já foi convidado duas vezes para prestar depoimento e desta vez foi convocado. Caso Milan não apareça ele será convocado de forma coercitiva.