domingo, 28/abril/2024
PUBLICIDADE

Famato critica pedido do PSOL ao Supremo para ampliar prazo de estudos da ferrovia Sinop-Miritituba

PUBLICIDADE
Redação Só Notícias (foto: assessoria)

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Vilmondes Tomain, criticou o pedido feito pelo PSOL e movimentos sociais para que seja ampliado o prazo de atualização dos estudos da ferrovia Sinop-Miritituba, a “Ferrogrão”. Este mês, Só Notícias antecipou, em primeira mão, que a sigla entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que os estudos do empreendimento levem em conta um traçado alternativo para os trilhos e que o prazo de conclusão desses levantamentos, o qual se esgota em abril, seja prorrogado por mais seis meses.

“Eu fico surpreso de saber dessa decisão novamente para atrapalhar o nosso escoamento. Travar mais uma luta para conseguir fazer esses estudos e dar viabilidade na continuidade desse projeto da Ferrogrão. Infelizmente, é um partido tão pequeno fazendo essa negociação interna para dificultar o desenvolvimento do estado que é o maior produtor de grãos do Brasil. Fico triste em ver as pessoas que não são comprometidas e dificultando a sociedade, as pessoas mais necessitadas, que precisam de comida na mesa. Cada mês que passa, a gente perde tempo para poder explorar melhor, ter preços melhores. Traz até benefícios na questão ambiental”, lamentou Vilmondes.

Quem também criticou o pedido feito ao STF foi o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara dos Deputados, Pedro Lupion (PP). “Para Mato Grosso é um absurdo completo pedir para atrasar mais ainda a Ferrogrão. É um gargalo que precisa ser resolvido urgente. Não tem condições de ficar armazenando da forma como é hoje. Infelizmente, eles têm possibilidade de entrar com ações como essa. Estamos trabalhando para vencer essas barreiras”, comentou.

Conforme Só Notícias já informou, o grupo de trabalho criado pelo Ministério dos Transportes para acompanhar os processos e os estudos relacionados à ferrovia decidiu adiar um seminário que estava marcado para a próxima semana em Santarém, no Pará. O encontro iria apresentar a viabilidade dos aspectos socioambientais do projeto e seria realizado nos dias 26 e 27 de março, no Sest/Senat de Santarém. A previsão é que seja nos dias 7 e 8 de maio.

O grupo de trabalho foi instituído em outubro do ano passado e conta com representantes do Governo Federal, da sociedade civil e de lideranças indígenas. A intenção é discutir aspectos socioambientais e econômicos do empreendimento e facilitar o diálogo entre as partes interessadas.

Após a decisão de adiar o seminário, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e entidades representantes de povos indígenas reforçaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido para que os estudos do empreendimento levem em conta um traçado alternativo para os trilhos e que o prazo de conclusão desses estudos seja prorrogado por mais seis meses.

No pedido é citado que há necessidade de que os estudos avaliem “questões essenciais”. Para o PSOL e os movimentos sociais, todos as análises feitas pelo grupo de trabalho levam em conta o traçado da ferrovia cortando o Parque Nacional do Jamanxin. Em 2017, a unidade de conservação teve uma pequena diminuição de seu tamanho para passagem dos trilhos, feita por meio de uma Medida Provisória que foi convertida em lei pelo Congresso. Foi com base nessa alteração que o PSOL ingressou com a ação que resultou na suspensão da implantação da ferrovia.

“Essas questões que hoje fazem incertos, imprecisos e inconclusos os estudos sobre a Ferrogrão precisam orientar os trabalhos do Grupo de Trabalho, exatamente porque a Lei n. 13.452, que admitiu o traçado da ferrovia atravessar Unidade de Conservação (Parque Jamanxin) e que deriva da Medida Provisória n. 758 está com a eficácia suspensa por força da medida cautelar. Ou melhor: todos os estudos e conclusões no âmbito da União devem considerar a impossibilidade da existência de alteração de parque nacional por Medida Provisória (MP) e, portanto, nenhum estudo pode ter como baliza o traçado e as características de uma obra viabilizada pela MP convertida na Lei n. 13.452”, diz o pedido.

O PSOL e os movimentos também alegam que o grupo de trabalho não integra todas as comunidades e etnias indígenas que serão afetadas pela ferrovia, “o que exigirá ainda aprofundar e mapear, nos estudos iniciais, quais serão os impactados, o que, não obstante qualquer estudo e/ou atualização de estudos, são partes indissociáveis do empreendimento”.

Além disso, apontam que, para que houvesse a certeza do tamanho, extensão e abrangência da garantia de compromissos, reparações e as condicionantes relativos aos impactos sociais, econômicos e ambientais, “qualquer desafetação de parte do Parque do Jamanxim, com a consideração de sua área original, a se realizar mediante projeto de lei, conforme a normativa constitucional, deve ser assinalado pelas avaliações e estudos e suas atualizações”.

O ministro dos Povos Indígenas substituto, Eloy Terena, se reuniu este mês em Brasília com representantes dos povos Kayapó, Parakanã, Panará e Waurá. Segundo o governo federal, o principal objetivo da reunião foi garantir a escuta e a participação dos povos indígenas impactados pelo projeto da “Ferrogrão”, “respeitando o direito à consulta prévia, livre e informada, previsto na Convenção n° 169 da OIT”.

Também este mês, o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), em pronunciamento no Plenário, chamou a atenção para a construção da Ferrogrão e expressou preocupação com a paralisação do projeto pelo Supremo, apesar de, segundo Zequinha, haver uma redução significativa nas emissões de dióxido de carbono (CO²) em comparação com o transporte rodoviário.

A Ferrogrão está parada desde março de 2021 em razão de uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI 6553), movida pelo PSol no Supremo. O partido questiona a alteração dos limites do Parque Nacional do Jamanxim (PA), que está entre os municípios de Sinop e Itaituba.

No último dia 4, entidades representantes de povos indígenas e outras comunidades tradicionais do Pará fizeram um “tribunal popular” para discutir e “julgar” o projeto da “Ferrogrão”. O evento foi realizado no auditório da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em Santarém. A assessoria da Fundação Nacional dos Povos Indígenas confirmou que, este mês, o ministro do STF Alexandre de Moraes deverá voltar a decidir sobre as possibilidades de desenvolvimento da ferrovia na ação que paralisou o projeto.

No mês passado, um grupo de indígenas protestou em Brasília (DF), contra a construção da ferrovia. Eles levaram faixas, direcionadas ao presidente Luís Inácio Lula da Silva e dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrando o direito de serem consultados sobre a implantação do empreendimento.

No final de 2022, um grupo das etnias Kayapó e Munduruku também protestou contra a Ferrogrão em uma audiência pública realizada pelo Senado em Novo Progresso. Na ocasião, eles reclamaram que o encontro, convocado pela Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) do Senado, não respeitou o direito à consulta prévia dos povos tradicionais, previsto em convenção da Organização das Nações Unidas.

Receba em seu WhatsApp informações publicadas em Só Notícias. Clique aqui. 

 

COMPARTILHE:

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

Mato Grosso e mais 3 Estados irão fechar 2024 no ‘azul’, aponta federação

Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio...

Prefeitura define programa ‘Desenvolve Sorriso’

A prefeitura concluiu dispensa de licitação, esta semana, para...
PUBLICIDADE