O procurador-geral do Ministério Público Estadual (MPE), Paulo Prado, negou e desqualificou as acusações que o ex-secretário de Estado Eder Moraes fez nessa sexta-feira (06). Prado ainda disse não temer investigações e assegurou regularidade na emissão e pagamento de carta de créditos a membros do MPE.
“Estamos tranquilos porque não existe irregularidade nenhuma. Isso já foi apurado uma vez, se quiserem apurar dez vezes, eu estou à disposição. Não tem o que ser contestado. O dinheiro realmente era aquele que deveria ser pago”, afirmou Prado.
Eder havia dito à imprensa, minutos antes, que houve irregularidades no pagamento de precatórios a promotores e procuradores de Justiça do MPE. “Eu digo, repito e reafirmo se necessário for, as cartas de créditos do Ministério Público Estadual de Mato Grosso estão eivadas de vicios e elas estão irregulares”, proferiu o ex-secretário após audiência com a Justiça Federal.
Ele chegou inclusive a defender a instauração de um a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar especificamente esse assunto. Segundo Eder, na Assembleia Legislativa já há rumores nesse sentido. “Tomara que seja objeto da CPI, para que seja tudo bem esclarecido porque quem acusa, quem é guardião da moral, da ética e de todos os deveres públicos e privados de uma maneira geral, tem que dar o exemplo”, disse.
Prado rebateu afirmando que não teme qualquer investigação. "Não temo nada nessa vida. Uma pessoa que enfrenta organizações criminosas e pede a prisão de quem quer que seja se assustaria com Éder Moraes? Eu tenho gente mais importante e perigosa para eu me assustar do um Eder Moraes da vida. Que ele fale o que quiser porque o Ministério Público está pronto para o que der e vier".
A emissão e pagamento das cartas de crédito é uma das questões investigadas na complexa Operação Ararath que respinga em todos os poderes de Mato Grosso e até o momento já resultou em ações penais na Justiça Estadual e Federal.
Conforme o ex-secretário, as irregularidades consistem na falta de uma previsão orçamentária e de estudo para avaliar o impacto fiscal das cartas. Eder ainda coloca dúvidas sobre a quantia recebida por promotores e procuradores.
Durante as fases da Operação Ararath, diversos documentos foram apreendidos, entre eles uma lista contendo o nome de 47 membros do MPE, que acabou atingindo a imagem da instituição. Na época, Prado explicou que se tratava da venda de carta de créditos feitas com deságio. O valor total do pagamento foi de R$ 10 milhões.
As declarações de Eder foram dadas poucas horas antes da cerimônia de posse de Prado como procurador-geral do MPE, pela quarta vez.