O PFL ainda não é “carta fora do baralho” entre os partidos que estarão na base de apoio ao projeto da reeleição do governador Blairo Maggi, apesar da reviravolta dada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que considerou que a verticalização está mantida para as eleições deste ano independente da decisão do Congresso Nacional. Tecnicamente, o PFL teria que se coligar com o PSDB – aliança desenhada no cenário nacional para a disputa da presidência da República. “Vamos ter que discutir uma engenharia política” – admitiu o presidente do PPS, Percival Muniz.
É fato! O PPS quer o apoio do PFL e o PFL quer apoiar o PPS. A possibilidade de uma aliança entre os liberais e o PSDB de Dante de Oliveira, Antero de Barros e Wilson Santos, definitivamente, não agrada. Especialmente uma considerável ala de pefelistas, liderada pelo senador Jonas Pinheiro. No passado, líderes tucanos, como o ex-governador Dante de Oliveira, chegou a dizer que “água e óleo não se misturam”. Hoje, porém, deve pensar diferente.
A manutenção da verticalização como regra para formulação de alianças, em verdade, afasta o PFL da aliança governista. Os liberais queriam estar no grupo de partidos com o nome do ex-governador e ex-prefeito de Várzea Grande, Jaime Campos, como candidato ao Senado Federal. Essa articulação – sem levar em consideração o fato de a vaga na aliança estar reservada ao deputado federal Pedro Henry, do PP – só será possível com muito “arranjo” político e, sobretudo, convencimento dos aliados. A ala do PFL composta por deputados e candidatos a vagas na Assembléia Legislativa e Câmara Federal, por exemplo, não aceitam a chamada “coligação branca”.
“O PPS trabalhava com a queda da verticalização” – admitiu Muniz, ao destacar que a medida do TSE causou surpresa. “Muitas coisas que já havíamos encaminhado agora terão que mudar. Vamos ter que conversar tudo novamente” – disse Muniz.
A preocupação de manter o PFL no “arco de aliança” é tanto que já na segunda-feira o PPS se reúne para traçar a estratégia de ação. Do encontro devem participar, além do próprio Muniz, o governador Blairo Maggi – que evitou comentários ao tomar conhecimento da decisão – o ex-prefeito Roberto França e o secretário-chefe da Casa Civil, Luiz Antônio Pagot. “O maior problema – apontou Percival Muniz – é que vamos ficar na dependência dos partidos na decisão nacional. Tudo ficará no “ponto morto” agora”.
A dúvida sobre o que vai acontecer “é mortal” para as negociações. Ele calcula que, mesmo se prevalecer a decisão da verticalização – já que a Câmara anunciou que pretende contestar a decisão do TSE junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), que pode mudar o entendimento – as discussões sobre quem vai coligar com quem seguirá até junho – data em que o presidente Lula anuncia sua candidatura a reeleição. “Ninguém consegue trabalhar assim” – disse o político, que considera a “coligação branca” fator “arriscado e complicado”.