O sentimento de indignação tomou conta de boa parte da população cuiabana após a divulgação do vídeo em que o prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (PMDB) aparece recebendo maços de dinheiro enquanto era deputado estadual, entre 2010 e 2014. Já existem inclusive, nas redes sociais, alguns movimentos no sentido de pedir o afastamento ou renúncia do peemedebista do comando da Prefeitura. Além disso, o gestor tem sido alvo de uma série de críticas, inclusive em sua página pessoal no Facebook.
De acordo com o jornalista Onofre Ribeiro, a participação de Pinheiro como um dos deputados que receberam mensalinho na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) prejudica a administração de Cuiabá, uma vez que o clamor social vai contra a atitude, veiculada em rede nacional na última semana. “Estamos matando os sistemas antigos e ainda não temos um desenho de como serão os novos, estamos como em um estado de apnéia. Tivemos vários nomes envolvidos que devem sofrer algum desgaste. O governador Pedro Taques não deve ser prejudicado, não é definitiva a presença dele nesse processo, mas o Emanuel Pinheiro sim. Isso vai comprometer a administração dele bem como os projetos políticos. Ele deverá ser o mais prejudicado nessa história”, enfatizou Ribeiro.
De acordo com a delação o mensalinho era pago, na maioria das vezes, em espécie. Nas imagens divulgadas, Emanuel Pinheiro aparece colocando maços de dinheiro nos bolsos do paletó. Num dado momento, algumas cédulas caem no chão e o então deputado estadual se abaixa para pegar as notas.
Onofre explica que essa avalanche de dela- ções e processos envolvendo agentes públicos demostra, por um lado, uma renovação na política local e nacional. Só em Mato Grosso na delação de Silval Barbosa, além de ex-secretários e empresários, também foram citados conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e mais de dez deputados que aparecem em vídeos e áudios recebendo propina.
“A história brasileira nunca foi uma respiração permanente. O Brasil sempre teve apnéias políticas e isso construiu um sistema político muito instável. Nunca tivemos um período politico duradouro, o último ciclo fechado foi o de 1964. De lá para cá, a gente já teve várias experiências e, ano que vem, vamos ter um novo ciclo nascendo”, acrescentou.
O jornalista ressalta ainda que a delação de Silval vem para selar essa mudança. “Aqui no estado essa delação deve encerrar um processo antigo, com ele será enterrada a maioria dos políticos atuais, surgindo um quadro de renovação que, para nós agora, é insignificante, mas aparecerão bons nomes de ex-prefeitos, ex-vereadores e empresários”, finaliza Onofre.